A Câmara dos Deputados recebeu nesta terça-feira, dia 23, o Seminário “Mentira que (Des)mata: os impactos da desinformação sobre a Amazônia e as políticas climáticas e ambientais”, organizado pelo Instituto Vero e pelo Intervozes. Durante o evento, foram realizadas três mesas, nas quais foram discutidas “a desinformação e sua intersecção com as políticas públicas para mudança climática e proteção ambiental na Amazônia”; “os impactos da mentira: como a desinformação influencia negativamente políticas voltadas para povos indígenas, floresta em pé, energia, e outros temas” e “informações e debates confiáveis sobre as mudanças climáticas promovem prosperidade social e econômica”. Também foi o lançamento presencial do relatório Combate à desinformação na Amazônia e seus defensores.
Na mesa de abertura do evento, estavam presentes os deputados federais Airton Falheiro (PT) e Eduardo Bandeira de Mello (PSB), Juma Xipaia, representando o Ministério dos Povos Indígenas, Ingrid Santaré, representando a parlamentar Célia Xakriaba (PSOL) e Eliesio Maribo, da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Todas as falas destacaram o uso da desinformação na disputa do projeto de desenvolvimento da região amazônica e o falseamento de dados sobre desmatamento e mudança climática.
“Quando a gente pauta a desinformação, a gente também precisa pautar a falta de informação”, afirmou Henrique Ferreira, do coletivo Tapajônico e integrante da primeira mesa, lembrando que a região pertence ao chamado deserto de notícias. Henrique questionou ainda a criação de estereótipos promovida pela mídia hegemônica, e ainda provocou ao dizer que “está na hora de parar de globalizar a Amazônia, a gente tem que amazonizar o mundo”.
Lucas Marubo, da Univaja, lembrou que durante o governo de Jair Bolsonaro, os próprios órgãos oficiais eram responsáveis por disseminar desinformação sobre a Amazônia, quando até mesmo a Funai distorcia informações. Viviane Tavares, do Intervozes, lembrou que o relatório produzido apontou os casos nos quais as narrativas desinformativas partiam de instituições oficiais.
O evento completo pode ser acessado aqui (abertura e primeira mesa) e aqui (segunda e terceira mesas)
Batalha desinformativa no comentário da transmissão
Durante a transmissão do evento pelo canal da Câmara dos Deputados no Youtube, comentários alimentavam as narrativas desinformativas que estavam sendo combatidas. O *desinformante identificou ao menos quatro perfis que insistentemente manifestavam-se no bate-papo da transmissão afirmando, por exemplo, que “para cada 5 índios, há uma ONG defendendo eles”, “CPI das ONGs já!”, “Existem ONGs fazendo biopirataria” e “quais interesses estão por trás dessas ONGs?”.
A narrativa construída contra as Organizações Não Governamentais que atuam na Amazônia é uma das principais frentes de disputa simbólica promovidas pelo bolsonarismo, visando desacreditar o trabalho de preservação ambiental e também seus defensores.