Definido um dia após os ataques à Praça dos Três Poderes em Brasília, o encontro entre os presidentes Lula e Biden acontecerá hoje a partir das 18h (horário de Brasília). Mídia internacional vê similaridades entre os dois presidentes tendo em vista a histórica política recente. Expectativa é que os líderes reconheçam o extremismo como um inimigo comum e possam se aliar para defender as respectivas democracias.
Como noticiado pelo *desinformante, estão na pauta da reunião o combate à desinformação e uma articulação internacional para coibir atos antidemocráticos, com expectativa que o Brasil mostre o que está fazendo para enfrentar a desinformação e discurso de ódio nas redes sociais, inclusive as ações do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para Natália Viana, co-fundadora e co-diretora da Agência Lupa, este é o momento em que os dois chefes do executivo devem enfrentar a “incômoda realidade” de que tanto o 8 de janeiro como o ataque ao Capitólio norte-americano fazem parte da mesma trama.
“Além do mais, a iteração do Brasil provavelmente nunca teria ocorrido se os Estados Unidos não tivessem experimentado o que aconteceu em 6 de janeiro de 2021”, escreveu Natália para o portal Foreign Policy.
A jornalista também afirma que o governo Biden não pode ignorar o papel que os EUA possuem nos atos golpistas de janeiro, tendo a responsabilidade de ajudar e combater as ameaças contínuas à democracia brasileira.
Para isso, elenca alguns argumentos como a presença de pessoas no território norte-americano espalhando desinformação no Brasil, a exemplo do próprio ex-presidente Bolsonaro, e o uso de plataformas de redes sociais sediadas nos EUA, que falham em aprovar medidas regulatórias consideradas satisfatórias.
“Finalmente, e talvez o mais importante, o fracasso em responsabilizar Trump pelo motim do Capitólio passa a mensagem de que qualquer um pode usar a grande mentira como uma estratégia política válida e escapar”, explicou.
Lula e Bernie Sanders
Na tarde desta sexta-feira, o presidente Lula se encontrou com o senador democrata Bernie Sanders, responsável por levar ao Senado dos EUA em setembro passado a resolução em defesa da democracia brasileira.
Após o encontro, Sanders disse que a conversa girou em torno da necessidade de fortalecer os fundamentos democráticos no Brasil, nos Estados Unidos e no mundo.
“Há uma ameaça massiva da extrema direita, seja [Donald] Trump ou [Jair] Bolsonaro, que tentam minar a democracia e o nosso trabalho é fortalecer a democracia no Brasil, nos Estados Unidos e em todo o mundo”, disse o senador.
História política recente aproximou Biden e Lula
O primeiro encontro entre os dois presidentes também está sendo esperado pelos jornais norte-americanos. Tanto o The Washington Post como o The New York Times, por exemplo, apontam semelhanças entre os dois políticos.
O periódico nova-iorquino, por exemplo, trouxe similaridades não só no perfil, mas também na própria história política recente, já que ambos derrotaram políticos de extrema-direita nas urnas e enfrentaram mobilizações golpistas baseadas em desinformação.
“Cada um deles enfrentou multidões de extrema-direita invadindo os salões do poder de seus países para contestar suas eleições, em cenas estranhamente semelhantes, e provavelmente repetirão essa experiência compartilhada em comentários públicos na sexta-feira, pedindo a salvaguarda das democracias contra a desinformação e contra líderes autoritários”, escreveu o jornal.