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Qual é o cenário?

set 10, 2021 | Qual é o cenário

Líderes políticos e autoridades têm um papel fundamental na circulação de informação e desinformação

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Diversos estudos têm mostrado que as redes de disseminação de fake news dependem de uma grande quantidade de pessoas que passam e repassam a mesma informação. Mas isso não significa que todo mundo tem igual responsabilidade nesse processo. As pesquisas também mostram que pessoas que têm posições de liderança e autoridade, como políticos, líderes religiosos e autoridades médicas, por exemplo, têm um papel muito mais central porque tendem a falar com mais pessoas e as informações que elas repassam tendem a ser mais respeitadas. Um estudo sobre a desinformação em relação à Covid-19 no Youtube, por exemplo, mostrou que líderes religiosos e médicos eram dois grupos muito importantes na disseminação de notícias falsas nessas redes.

O papel dos líderes políticos é especialmente importante. Eles fazem campanhas, recebem votos e são eleitos e, por isso mesmo, tendem a ser bastante conhecidos na sociedade. Além disso, o jornalismo está sempre de olho neles, acompanhando o que estão fazendo, o que andam dizendo e com quem andam se encontrando. Ou seja, eles tendem a ter mais cobertura de mídia, o que faz com que suas opiniões sejam bastante amplificadas. Essa mistura de ampla cobertura com uma posição de autoridade funciona como um megafone para informações, inclusive as falsas. Um estudo liderado pela pesquisadora Raquel Recuero, da Universidade de Pelotas, mostrou, por exemplo, que 47% do conteúdo desinformativo sobre Covid-19 que circulou em mídias sociais tinha sido legitimado por autoridades políticas.

Exemplo marcante

Um estudo feito por pesquisadores da escola de economia da FGV São Paulo detectou que, depois de uma fala de Bolsonaro desprezando os riscos da Covid-19 e recomendando o fim do isolamento social, as pessoas acabaram sendo menos cuidadosas com o isolamento em localidades que apoiavam mais o presidente.

Para chegar a esses resultados, os pesquisadores consideraram a cronologia de discursos de Bolsonaro sobre a pandemia e compararam as taxas de isolamento em diversas localidades brasileiras antes e depois dessa fala. O que eles perceberam é que, em lugares onde o apoio a Bolsonaro foi maior nas eleições de 2018, as pessoas passaram a respeitar menos o isolamento depois da fala dele. A taxa de isolamento foi medida através do sinal de celulares que permaneceram a até 450 metros da sua residência habitual.

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