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jul 31, 2023 | Destaques, Notícias

Mercenários digitais: investigação revela como funciona a máquina de desinformação na América Latina

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O Centro Latino-Americano de Investigações Jornalísticas (CLIP) divulgou, nesta segunda-feira (31), uma série de reportagens revelando atores e empresas que lucram com desinformação na América Latina. O trabalho ‘Mercenários Digitais’ é fruto de uma aliança entre meios de comunicação da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Espanha, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. 

A série investiga as principais empresas de consultoria política e analisou suas formas de operar em pelo menos 16 países latino-americanos. Com esse viés, se debruçou sobre a atuação de Fernando Cerimedo, César Hérnandez, André Golabek, Luis Duque, Paul Anria e Carlos Ibañez na influência política.

De acordo com as reportagens, os investigados e suas empresas atuam manipulando o debate político a partir de táticas como o uso de contas falsas nas redes sociais, disseminando narrativas desinformativas sobre determinados temas, produzindo pesquisas de opinião falsas e se valendo de mídia fictícia para enganar os usuários.

 “Esses consultores se cumprimentam em suas conferências em Hollywood. Eles gostam de pensar em si mesmos como estrategistas, mas parecem mais televangelistas de fórmulas para manipular. Quase todos têm carisma, alguns beiram a ousadia porque contam fake news até sobre a própria biografia, e vários têm autoconfiança de como lidam com os medos e o ódio dos cidadãos a seu favor”, destaca o CLIP.

Entre os investigados na série, dois têm ligação direta com o Brasil, como contou o UOL e a Agência Pública, dois dos veículos que participam da aliança transfronteiriça. O argentino Fernando Cerimedo se tornou um nome conhecido após fazer uma live com os resultados de uma suposta “auditoria privada” das eleições de 2022 para tentar colocar em xeque o resultado eleitoral e desacreditar o sistema eletrônico de votação brasileiro. O material se tornou combustível para aqueles que não aceitavam a derrota do então presidente Jair Bolsonaro e contribuiu diretamente para a narrativa de fraude.

Na investigação publicada nesta segunda-feira, os veículos destrincham a relação dele com Eduardo Bolsonaro e revelam que o deputado não só foi em missão oficial à Argentina para encontrar com Cerimedo, como também contratou um funcionário do consultor para sua campanha de reeleição. Em outra reportagem, investigam o passado do argentino, a sua atuação em outros países como o Chile e como ele vem se constituindo um forte nome do marketing da ultradireita.

O outro nome é André Golabek, um brasileiro que aparece nas investigações junto com sua empresa de comunicação política, a Venquis. Conforme retratam os jornalistas, Golabek assessorou campanhas com contas falsas difundindo desinformação a favor de candidatos tanto da direita como da esquerda. Foram mapeados contratos na Bolívia, no Panamá e na República Dominicana.

Outras reportagens da série revelam a atuação dos “mercenários digitais” na Guatemala, Uruguai, Equador e até na Espanha. Todas as investigações podem ser lidas em espanhol aqui.

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