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Mathias Felipe

jun 22, 2022 | destaques, notícias

Global Fact 9: a guerra dos memes e colaboração entre academia e checadores

Mathias Felipe
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A Global Fact 9, maior evento de checagem de fatos do mundo, foi aberta este ano pela diretora de pesquisa do Centro Shorenstein sobre Mídia, Política e Políticas Públicas de Harvard, Joan Donovan, que mostrou através de um estudo de caso o poder que os memes têm para gerar desinformação nas redes sociais. Usando o caso do comediante Sam Hyde, Donovan discutiu como os fatos devem ser discutidos no contexto social e, por isso, ela defende o conceito de ‘”fatos sociais”, onde as informações podem ser entendidas de forma diferente dependendo das circunstâncias sociais e culturais. Os memes são, portanto, fatos sociais que mudam conforme país e contexto.

O caso de Hyde mostra como uma brincadeira gerou uma campanha viral que após cada disparo em massa usa da imagem de Hyde como autor desses atos. Nessa linha, a guerra de memes online usa slogans, imagens e vídeos para criar campanhas políticas persuasivas que são participativas, pegajosas e conseguem promover discussões dentro dos grupos tradicionais assim como fora deles. Donovan propõe olhar sobre esses fatos sociais do ciclo de manipulação de mídia, o que ajudaria a entender essas campanhas e combatê-las mais facilmente.

Nesse sentido, o segundo painel dedicou-se a discutir a importância da colaboração entre academia e instituições do setor. Por um lado, agências de checagens veem a importância de estudos na área, elas anseiam por uma maior participação no processo de pesquisa, ajudando a definir as perguntas de pesquisa, por exemplo. Pesquisadores, por sua vez, veem que é um desafio muito grande estudar desinformação e suas correções.

A professora associada Letícia Bode, da Universidade de Georgetown, comentou que os estudos acabam tendo dois problemas, em geral. O primeiro é que não é a maioria das pessoas que compartilham desinformação na maior parte do tempo. Então os estudos representam apenas uma parte da sociedade. Além disso, os dados representam uma parte desse grupo, o que cria outro limitador para as pesquisas.

Os checadores também apontaram três áreas de pesquisa que são importantes para o entender melhor o funcionamento das checagens. É importante entender como identificar o problema de desinformação e como podem ser encontradas essas informações falsas ou enganosas. Outro ponto importante é entender o impacto e o quão efetiva são as checagens em ambientes reais e não em pesquisas controladas. Em outras palavras, entender como os usuários estão lidando com as checagens nas plataformas em vez de estudos que simulam desinformações. O último ponto de interesse são estratégias que podem ser adotadas para mitigar os efeitos das informações, como prebuking ou novos formatos visuais, por exemplo. 

A segunda parte do dia foi dedicada a pesquisas em diversas áreas, como a relação entre agências de checagens e as empresas de tecnologias como Alphabet/Google e Meta/Facebook, alfabetização midiática, regulação das plataformas e sobre desinformação e checagens no Sul Global.  

 

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