O presidente da Safernet Brasil, Thiago Tavares, afirmou, ontem, que a realização de uma Semana Brasileira de Educação Midiática no Palácio do Planalto é um feito histórico tendo em vista que havia o gabinete do ódio, a poucos metros dali onde o debate ocorria, destinado a disseminar desinformação e ódio contra cientistas, jornalistas, políticos e formadores de opinião em geral. O próprio Thiago, à frente da Safernet, que trabalha no combate à desinformação e defesa dos direitos humanos na internet, foi alvo de perseguição e ameaças por seu trabalho e se exilou na Alemanha em 2021. “Pela primeira vez, depois de quatro anos, temos com este evento a possibilidade de disseminar uma mensagem de respeito, de pluralismo, de respeito a diferenças, de educação, de valorização dos direitos humanos, coisa que era impensável há quatro anos atrás”, afirmou.
A mesa “Educação Midiática na Defesa da Democracia”, realizada no primeiro dia do evento, contou ainda com a participação da diretora de Relações Institucionais do Redes Cordiais, Gabriela Almeida, de Victor Vicente, diretor de Comunicação do Instituto Vero e da Letícia Cesarino, assessora Especial em Educação e Cultura em Direitos Humanos no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Almeida contou um pouco do trabalho do Redes realizado junto a influenciadores, como oficinas, visitas a redações de jornais e à sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que este público se comprometa com valores democráticos. “A promoção do diálogo é um dos pilares do Redes Cordiais para fortalecer o pensamento crítico, estimular e fortalecer a capacidade de quebrar correntes de ódio e de medo, de desesperança”, afirmou.
Já Victor Vicente lembrou o processo de radicalização dos pontos de vista, que tem ocorrido em todo o mundo, e a origem do Instituto Vero com a mudança no cenário da comunicação.
“Acreditamos que a internet traria a grande democratização da comunicação, na prática, a gente vê que não é bem assim e percebe uma centralização em poucas figuras que têm o potencial de falar para milhões. A gente precisa trabalhar ao lado dessas pessoas.”
A assessora do Ministério dos Direitos Humanos, Letícia Cesarino, reivindicou uma educação midiática “freiriana” em que a população se empodere do funcionamento da técnica e dos impactos da técnica na sociedade. “Precisamos problematizar que aquilo que chega para ele não é o mundo real, é uma customização a partir do modelo de negócios das plataformas digitais”.
Semana Brasileira de Educação Midiática recebeu inscrição de 300 iniciativas
O secretário de Políticas Digitais, João Brant, informou que a 1a Semana de Educação Midiática recebeu a inscrição de 300 iniciativas vindas de 21 Estados brasileiros. Brant lembrou outras iniciativas do governo em curso como a consulta pública sobre uso de telas por crianças e adolescentes, que está aberta até 23 de novembro. “O debate da educação midiática é essencial para enfrentar ataques aos direitos humanos e à democracia e ataque à política como a arte do diálogo”, afirmou.
Confira a íntegra da abertura da Semana Brasileira de Educação Midiática e as mesas do dia 23 de outubro aqui.