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out 26, 2023 | destaques, notícias

Qual o segredo da Finlândia na educação midiática?

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Se a gente pudesse resumir, poderíamos dizer que história e investimento são os dois principais ingredientes que credenciam a Finlândia como líder global quando o assunto é educação midiática. Além, claro, de ser um país com apenas 5,5 milhões de habitantes, o equivalente à metade da população do Rio Grande do Sul, o que torna aplicação de qualquer política pública mais fácil.

Em uma pesquisa do instituto Open Society, em Sófia, na Bulgária, pela quinta vez consecutiva a Finlândia ficou em primeiro lugar entre 41 países europeus em matéria de resiliência contra a desinformação. Segundo autoridades, o sucesso não é só resultado do sistema educacional mas também consequência de um esforço conjunto para ensinar os alunos sobre fake news.

Leo Pekkala, diretor do Instituto Nacional do Audiovisual, que supervisiona a educação midiática na Finlândia, participou hoje (26/10) de um webinar sobre perspectivas internacionais de educação midiática, dentro da 1ª Semana Brasileira dedicada ao tema, promovida pelo governo federal.

Segundo Pekkala, na década de 50, o país já se preocupava com literacia midiática para lidar com comunicação de massa, focada em jornais e TVs, nas décadas de 80 e 90 elementos audiovisuais foram acrescentados e hoje o foco está no digital. As ferramentas foram aprimoradas e adaptadas conforme a evolução da tecnologia. O assunto é uma prioridade do governo desde então.

Em 2013, a Finlândia implementou sua primeira política pública de educação midiática, que foi revisada em 2019. “Reconhecer a desinformação é importante, mas isso é apenas uma pequena parte da educação midiática”, diz Pekkala. “A alfabetização midiática por si só não é o objetivo final. A alfabetização midiática é como aprender um idioma, então você tem tanto a habilidade técnica para usar a mídia quanto a capacidade de entendê-la.” A educação midiática, que por lá chamam de literacia midiática, acontece a partir dos primeiros anos da educação básica, de modo transversal em diversas disciplinas.

Atualmente, a política da Finlândia engloba as seguintes atividades:

– Uma semana de educação midiática (desde 2012) para debater o assunto com educadores, pesquisadores e alunos

– Uma semana para promover uma cultura positiva de games e estimular o uso crítico

– um website de educação midiática com estudos, pesquisas e relatórios

– um centro de segurança para internet em parceria com organizações da sociedade civil

Olhando assim, parece que não há segredo.

Pekkala diz que não há um modelo certo para se fazer educação midiática, mas sim adaptações a realidades, contextos, culturas diferentes e também não é a educação midiática que vai resolver todos os problemas da sociedade. “É um processo de toda vida, que demanda perseverança, paciência e investimento”, afirma.

Mas, afinal, para que fazer educação midiática? Pekkala exibiu, ao final de sua apresentação, um gráfico mostrando que o desenvolvimento das habilidades de sentir, analisar, avaliar, comunicar, colaborar, criar a participar vai levar a uma sociedade democrática, com economia saudável e uma vida satisfatória para os cidadãos.

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