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Conheça dez princípios para uso ético de IA no jornalismo

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A organização Repórteres Sem Fronteiras lançou neste mês a Carta de Paris sobre IA e Jornalismo. Produzida em parceria com outras 16 organizações, o documento traça dez princípios para o uso responsável e ético da Inteligência Artificial pela indústria jornalística. “Para proteger o direito à informação, jornalistas e meios de comunicação devem unir forças para garantir que a ética oriente a governança e o uso da tecnologia mais transformadora de nossa época. A Carta de Paris sobre IA e Jornalismo é um passo significativo rumo a este objetivo”, disse Maria Ressa, fundadora e CEO do Rappler e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, que presidiu a comissão responsável pela elaboração do documento.

A vencedora do Nobel indica que a IA agrava uma situação já crítica na história do jornalismo e que, apesar de prometer novas oportunidades à profissão, a tecnologia também traz ameaças significativas à produção jornalística, como os riscos à integridade da informação. “A inovação tecnológica não conduz inerentemente ao progresso: deve ser guiada pela ética para beneficiar a humanidade”, diz Ressa.

O primeiro princípio da carta elenca justamente a necessidade de a ética orientar as escolhas tecnológicas nos meios de comunicação. De acordo com o texto, o uso e o desenvolvimento de sistemas de IA no jornalismo devem respeitar os valores fundadores da ética jornalística, incluindo veracidade, precisão, justiça, imparcialidade, independência, não-dano, não-discriminação, responsabilidade, respeito à privacidade e ao sigilo das fontes.

O segundo princípio estabelece que o julgamento humano deve permanecer central nas decisões editoriais e, portanto, o uso da tecnologia precisa ser uma decisão deliberada e tomada de forma bem informada. O terceiro princípio pontua que os sistemas de IA usados no jornalismo estão sujeitos a avaliação prévia e independente, ou seja, eles precisam ser submetidos a uma avaliação independente, abrangente e minuciosa, envolvendo grupos de defesa do jornalismo.

“Os meios de comunicação continuam responsáveis pelo conteúdo que publicam” é o quarto princípio publicado na carta. Segundo ele, os meios de comunicação precisam assumir a responsabilidade, mesmo quando usam IA dentro dos processos de coleta, processamento e divulgação. Já o quinto princípios estabelece que a mídia deve ser transparente sobre o uso de IA, ou seja, seu uso precisa ser comunicado de forma clara a todos os que recebem o conteúdo. 

A carta também indica que os meios de comunicação precisam garantir a origem e a rastreabilidade do conteúdo e que o jornalismo deve fazer uma distinção clara entre conteúdo autêntico e conteúdo sintético, evitando criar e utilizar conteúdos gerados por IA que imitem capturas e gravações do mundo real ou que representem de forma realista pessoas reais.

O documento também aborda o uso de IA para a segmentação do conteúdo. No oitavo princípio, a Repórteres Sem Fronteiras elenca que a personalização e a recomendação de conteúdos pela IA devem preservar a diversidade e a integridade das informações, além de que esses sistemas devem ser transparente e “os usuários devem, sempre que possível, poder desativá-los para garantir o acesso não filtrado ao conteúdo editorial”.

Por fim, a carta indica que os jornalistas, os meios de comunicação e os grupos de apoio ao jornalismo devem desempenhar um papel ativo na governança dos sistemas de IA e precisam ser incluídos em instituições de supervisão a fim de garantir o respeito aos valores democráticos, e que o jornalismo precisa defender seus fundamentos éticos e econômicos nas relações com empresas fornecedoras de IA, ou seja, é necessário que os criadores desses sistemas creditem as fontes, respeitem os direitos de propriedade intelectual e forneçam uma compensação justa aos jornalistas.

“A Carta de Paris é a primeira referência ética internacional sobre IA e jornalismo. A evidência factual, a distinção clara entre conteúdo autêntico e sintético, a independência editorial e a responsabilidade humana serão as primeiras garantias do direito à informação na era da IA. Mais do que nunca, o jornalismo exige uma base ética sólida e amplamente reconhecida. Juntamente com os nossos parceiros, convocamos os jornalistas, meios de comunicação e redações de todo o mundo para que se apropriem destes princípios, proclamando-os e aplicando-os em suas práticas”, pontuou Christophe Deloire, Secretário-geral da RSF, no lançamento da carta.

Além da RSF, são parceiros na elaboração do documento: Parceiras: Asia-Pacific Broadcasting Union (ABU), Collaboration on International ICT Policy in East and Southern Africa (CIPESA), Canadian Journalism Foundation (CJF), Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), DW Akademie, European Journalism Centre (EJC), Ethical Journalism Network (EJN), Federação Europeia de Jornalistas, Free Press Unlimited (FPU), Global Investigative Journalism Network (GIJN), Global Forum for Media Development (GFMD), International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ), International Press Institute (IPI), Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), Pulitzer Centre e Thomson Foundation.

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