Após Meta e Google, o Telegram entrou na campanha de ataques para barrar a aprovação do PL 2630/2020. Na tarde desta terça-feira (9), o aplicativo de mensagens instantâneas disparou um comunicado em massa para todos os usuários no Brasil dizendo que o país “está prestes a aprovar uma lei que irá acabar com a liberdade de expressão” e que o projeto “matará a internet moderna”.
O relator do PL 2630/2020, deputado Orlando Silva, se pronunciou sobre o caso no seu Twitter falando que o aplicativo dispara “fake news” contra o projeto de lei e que essa campanha de mentiras encampada pelas big techs não vai prosperar.
🚨 URGENTE!!! O jogo sujo das bigtechs continua. Recebo denúncias de que o Telegram está disparando FAKE NEWS contra o PL 2630 para milhões de usuários. Essa campanha de mentiras NÃO VAI PROSPERAR. A Internet não é terra sem lei e a regulação é uma necessidade. PL 2630 SIM! pic.twitter.com/cEmpVpJrxO
— Orlando Silva (@orlandosilva) May 9, 2023
No plenário da Câmara, Orlando Silva falou da sua indignação com a empresa. “Uma multinacional que abusa da sua estrutura de serviço de mensagem e que difunde mentiras acerca do parlamento brasileiro. O Telegram espalha mentiras no Brasil, afirmando que o parlamento brasileiro quer aprovar censura, quer acabar com a democracia, isso é escandaloso. É um escândalo que uma multinacional tente colocar o Congresso brasileiro de joelhos. O Telegram nunca participou de nenhum debate nesta casa porque não se interessou em contribuir com as discussões legítimas que o parlamento fez. Sempre foi chamado para debater e nunca se fez presente”, disse o deputado destacando a legitimidade popular do legislativo para decidir sobre o tema.
O Telegram diz, no texto enviado aos usuários, que o projeto de lei “Concede Poderes de Censura ao Governo”, “Transfere Poderes Judiciais Aos Aplicativos”, “Cria um Sistema de Vigilância Permanente” e “É Desnecessário”.
No comunicado, a empresa diz que se une a outras empresas como o grupo Meta “para mostrar ao Congresso Nacional do Brasil a razão pela qual o projeto de lei precisa ser reescrito”. A Meta, entretanto refutou a citação feita na nota do Telegram e mais: disse que não concorda com o teor da manifestação.
Após o envio, diversos usuários e especialistas se manifestaram nas redes sociais. O pesquisador Guilherme Felitti destacou que, com essas ações, as plataformas mostram exatamente porque devem ser reguladas e pontuou o alinhamento do discurso do Telegram com o da extrema direita brasileira.
não chega a impressionar, mas é sempre bom notar como esses comunicados da Big Tech contra o PL 2630 quase sempre repetem teorias da extrema-direita equivalendo regulamentação com censura e/ou fim da liberdade de expressão.
— Guilherme Felitti (@gfelitti) May 9, 2023
é puro FUD para continuar impunes. https://t.co/jmypMgW1J3
A diretora de campanhas da Avaaz Brasil, Laura Moraes, publicou sobre o tema marcando o ministro da Justiça e o deputado Orlando Silva. Uma usuária no Twitter também marcou Flávio Dino para denunciar o envio e destacou que recebeu a notificação do Telegram mesmo tendo as notificações desativadas no seu celular.
PODE ISSO, @FlavioDino @alexandre !?!??!!?!? Ps.: minhas notificações do telegram são DESATIVADAS!!! Pq isso apareceu pra mim??? @telegram_br pic.twitter.com/LHB894J1eC
— let (@run_letrun) May 9, 2023
O ministro Flávio Dino ainda não se pronunciou sobre o caso, mas o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, enfatizou que “empresa estrangeira nenhuma é maior que a soberania do nosso país”. O Secretário de Políticas Digitais da SECOM, João Brant, também taxou a ação de “escandalosa”.
A ação do Telegram é escandalosa. Entram nos celulares de espalhando visões totalmente distorcidas sobre o PL 2630. Arvoram-se a falar pela democracia sendo que sua única presença no Brasil são dois advogados. Disfarçam seu interesse comercial de interesse público, um escárnio.
— João Brant (@joaobrant) May 9, 2023
O deputado André Janones denunciou a nota do aplicativo no Twitter, dizendo que “Depois do Google, agora é a vez do telegram fazer campanha difamatória contra PL das Fake News e a CÂMARA DOS DEPUTADOS! “
URGENTE! GRAVÍSSIMO! Depois do Google, agora é a vez do telegram fazer campanha difamatória contra PL das Fake News e a CÂMARA DOS DEPUTADOS!
— André Janones (@AndreJanonesAdv) May 9, 2023
Se o PL ñ for aprovado,ambientes como esse continuarão sendo utilizados para planejar assassinatos de crianças e professores em escolas. pic.twitter.com/Kf0Dv8OoQu
O influenciador Felipe Neto também utilizou o Twitter para denunciar o caso e desmentir algumas das informações enviadas pelo Telegram. “Espero que a justiça brasileira aja com o máximo rigor da lei contra esse absurdo. E eu peço a todos que me seguem que não acreditem em uma só linha do que informou o Telegram”, disse.
Meta refuta citação
O Telegram, após explicitar sua visão contrária ao PL, destacou as ações da Meta e do Google para a edição do projeto de lei. Citada no comunicado, a empresa Meta enviou à imprensa uma nota refutando a menção.
“Tomamos conhecimento por meio de notícias na imprensa nesta terça-feira, 9 de maio de 2023, que o aplicativo Telegram enviou uma mensagem aos usuários no Brasil a respeito do PL 2630/2020, que está em tramitação no Congresso Nacional. A Meta refuta o uso de seu nome pelo Telegram na referida mensagem, e nega as alegações no texto”, disse a empresa.