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Pesquisa aponta que desinformação circula mais em grupos de extrema direita no WhatsApp que no Telegram

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Quais links circulam em grupos de extrema direita? E quais deles contém desinformação? Essas foram algumas perguntas que nortearam o mais novo estudo lançado pelo Aláfia Lab, em parceria com coLab e Instituto Democracia em Xeque, nesta semana. O relatório “Abaixo do radar: Desinformação em grupos de extrema direita no WhatsApp e no Telegram nas eleições de 2024” analisa as mensagens que circularam nesses espaços durante o período oficial de campanha eleitoral, de 2 de setembro a 27 de outubro de 2024.

Um dos principais achados da pesquisa revela que no WhatsApp circularam mais links desinformativos que no Telegram. No aplicativo do conglomerado Meta 17% dos conteúdos compartilhados foram classificados como desinformação, contra 7% na outra rede. Os temas que continham desinformação também variaram de um serviço de mensageria para o outro.

No WhatsApp, informações sobre o STF foram as mais falseadas proporcionalmente. 40% dos conteúdos que circularam sobre a corte eram falsos, a lista é seguida por links sobre economia, com 28% de desinformação, e aqueles sobre política internacional e nacional, ambos com 23%.

“É bastante simbólico, no entanto, que os temas com maior desinformação sejam questões ligadas ao STF, à economia e à política internacional, pautas que têm sido reiteradamente distorcidas pela extrema direita. Além disso, o fato de quase metade dos links sobre o STF conter desinformação é grave e mostra que, em determinadas circunstâncias e temas, esse fenômeno pode tomar proporções descomunais”, coloca o relatório.

Já no Telegram, a dinâmica é diferente. Nenhum conteúdo sobre o STF foi classificado como desinformação, apesar de esse ter sido um dos temas mais frequentes entre os links mapeados, assim como nada sobre política local foi taxado como falso, ainda que tenha sido o período de eleições municipais. Quase todo o material falso dizia respeito a teorias da conspiração, que foi representado na categoria “outros”.

O relatório também aponta para pontos importantes sobre os links analisados – que foram coletados de 35 grupos políticos no WhatsApp e 22 grupos no Telegram com o recorte para mídias consideradas hiperpartidárias. Um dos pontos é que, em diversos casos analisados, a desinformação estava concentrada nos títulos, enquanto o texto continha informações factuais verdadeiras. “Isso mostra claramente as estratégias para chamar a atenção e manipular utilizadas na disseminação da desinformação”, pontua a pesquisa.

Além disso, os pesquisadores identificaram que uma outra forma de confundir o leitor se dava na “editoria do texto”. Isso porque diversos textos opinativos foram apresentados como matérias factuais, sem sinalização sobre o gênero jornalístico.

Além da desinformação

A pesquisa (disponível no site do Aláfia Lab) também revelou os temas mais comuns nesses grupos, em que a política nacional se destacou, ainda que em 2024 os brasileiros tenham ido às urnas para as eleições municipais. “Esse achado reflete como o cenário político nacional também têm influência durante pleitos mais territorializados, que poderiam refletir discussões localizadas”, concluiu a pesquisa.

Além disso, há uma diferença clara sobre as menções ao STF nos dois aplicativos. No Telegram a menção – e consequentes ataques ao Judiciário – foram muito mais presentes que no WhatsApp, ainda que neste último a concentração de desinformação sobre o tema tenha sido maior.

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