Em um sistema híbrido de mídia, como conceitua Andrew Chadwick, não faz sentido pensar em redes isoladas. As pessoas e os conteúdos estão o tempo todo circulando de uma plataforma a outra e com os conteúdos desinformativos não seria diferente. Exatamente por isso, têm crescido os estudos chamados de ‘cross-platform’, que levam em conta como dinâmicas em diversas redes se relacionam.

Uma pesquisa feita na Universidade de Washington, por exemplo, analisou as informações falsas sobre os ‘capacetes brancos’, um grupo de resgate operando na Síria. Ao analisar como a campanha se articula no Twitter, Youtube e em mídias alternativas, eles concluem que a disseminação multiplataforma é uma característica essencial e que “as plataformas de mídias sociais deveriam aumentar a colaboração para detectar e caracterizar as campanhas de desinformação”.

Exemplo marcante

Um estudo feito pelo pesquisador Viktor Chagas sobre a atuação de grupos bolsonaristas depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril de 2020, por exemplo, mostra como determinados tipos de conteúdo estão sendo feitos para terem um impacto imediato em diversas plataformas. Ele fala em “conteúdos just-in-time e com evidente caráter multiplataforma”.

Isso significa que ainda que, por exemplo, o YouTube atue rapidamente para tirar do ar um vídeo na sua rede por considerar que fere suas regras, esse conteúdo muito possivelmente continuará circulando em outras redes. Portanto, um combate efetivo ao problema da desinformação só pode ser feito em uma perspectiva multiplataforma.