Início 9 Destaques 9 Em debate eleitoral, Trump compartilha informações falsas e é corrigido por checadores ao vivo

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Gage Skidmore - Flickr

Em debate eleitoral, Trump compartilha informações falsas e é corrigido por checadores ao vivo

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Na noite da terça-feira (10), o primeiro grande debate da corrida presidencial norte-americana entre Donald Trump e Kamala Harris contou com um reforço jornalístico: checadores de fatos verificando em tempo real as falas dos candidatos. Os profissionais desmentiram ao vivo desinformações proferidas por Trump e foram culpados pelos republicanos pela performance – considerada fraca pelo público – do representante do partido.

Nos primeiros quinze minutos do debate, realizado pela emissora ABC, os checadores desmentiram, por exemplo, uma falsa alegação de Trump de que um governador no país teria tolerado a execução de bebês após o nascimento. “Não há estado neste país onde seja legal matar um bebê depois que ele nasce”, corrigiu Linsey Davis, uma das moderadoras do evento.

Em outro momento, Trump levantou a informação falsa e racista de que imigrantes haitianos  estariam comendo cães e gatos no estado de Ohio. O moderador David Muir, então, pontuou que a emissora havia entrado em contato com a administração da cidade, que afirmou não ter relatos confiáveis sobre animais de estimação sendo machucados. Os moderadores confrontaram Harris pelo menos duas vezes ao longo do evento.

Ao todo, Trump proferiu pelo menos 33 alegações falsas ao longo da sua fala, enquanto Harris fez pelo menos uma, de acordo com um checador de fatos da CNN. “O que se destacou foi que essa foi uma performance de debate incrivelmente desonesta do ex-presidente Trump. Apenas mentira após mentira sobre assunto após assunto. Nenhum candidato presidencial importante antes de Donald Trump mentiu com esse tipo de frequência.”, afirmou Daniel Dale. 

Em resposta, políticos republicanos alegaram que a ABC estaria sendo parcial em relação ao ex-presidente, culpando o trabalho dos moderadores pela fraca performance do candidato. “Você tem dois moderadores lá que agiram como agentes da campanha de Harris”, disse David Bossie, um antigo conselheiro de Trump e membro do Comitê Nacional Republicano de Maryland.

O próprio Trump comentou o debate, dizendo que tinha sido “três contra um”, referindo-se, além de Kamala, aos dois checadores presentes na ocasião. “Mas eu previ isso”, afirmou o candidato republicano. Nas últimas semanas, o ex-presidente veio preparando o terreno, afirmando que o debate seria tendencioso, alegando perseguição da mídia contra ele, como mostrou o site Politico

Brasileiros sugerem que modelo seja replicado no país

Usuários brasileiros no BlueSky acompanharam o debate norte-americano, evidenciando o trabalho dos moderadores ao longo do evento. A antropóloga e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Letícia Cesarino, comentou as críticas dos republicanos aos checadores, afirmando que eles já possuem uma palavra para afirmar que há tendência na checagem: “lef-check” (checagem de esquerda, numa tradução livre). 

Eles já têm um preventivo pra isso q é caracterizar como "left-check". Contudo, está funcionando no debate em nível metacomunicativo, porque interrompe e desestabiliza a performance dele.

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— Letícia Cesarino (@letcesar.bsky.social) September 10, 2024 at 10:47 PM

O crítico de cinema, Pablo Villaça, sugeriu que as emissoras brasileiras se inspirassem no modelo da ABC para os próximos debates: “As emissoras que organizam debates no brasil têm que aprender essa lição importante demonstrada nesse debate: que os moderadores têm obrigação de desmentir fake news durante o debate”.

As emissoras que organizam debates no Brasil TÊM QUE APRENDER essa lição importante demonstrada nesse debate: que os moderadores têm OBRIGAÇÃO DE DESMENTIR fake news DURANTE O DEBATE.

— Pablo Villaça (@pablovillaca.cinemaemcena.com.br) September 10, 2024 at 10:32 PM
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