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mar 3, 2023 | Destaques, Notícias

Cuba versus Meta:  quem censura quem?

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“Denunciamos a manipulação e a duplicidade de critérios com que operam os consórcios transnacionais de (des)informação contra Cuba”, assim respondeu o chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, a recente ação do grupo Meta de remoção de perfis e páginas cubanos no Facebook e Instagram. Enquanto a empresa vincula o governo à ação online inadequada, o país aponta influência ideológica e diz que está sob censura.

No último relatório de ameaças adversas divulgado na segunda quinzena de fevereiro, a Meta afirmou que identificou e desmantelou uma ação coordenada de comportamento inadequado ligada ao Estado cubano. “Um esforço para criar a percepção de amplo apoio ao governo”, manifestou a corporação em comunicado.

Logo depois, o chanceler disse que a ação foi influenciada ideologicamente por um movimento, segundo ele, contra a ilha. Rodríguez acusou a Meta de censura e criticou a falta de ação da empresa contra supostas campanhas de desinformação produzidas nos Estados Unidos para descredibilizar o governo cubano.

“[A Meta] Deveria explicar seu próprio comportamento inautêntico e tendencioso ao permitir a difamação, a estigmatização e a geração de campanhas de ódio da Flórida contra nosso país”, afirmou no perfil pessoal do Twitter.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, reforçou o posicionamento do chanceler, denunciando que as corporações são cúmplices de esquemas de desinformação e de desestabilização contra o país.

A mídia independente de Cuba repercutiu a disputa de narrativas. O portal Cubadebate, administrado pelo Círculo Cubano de Jornalistas contra o Terrorismo, lembrou algumas páginas de mídia no país que foram removidas pelo Facebook sem explicação. Casos de rotulação indevida de “Mídia afiliada ao Governo” também foram levantados pelo veículo.

O jornalista Randy Alon Falcón, que assina o artigo, aponta possíveis relações entre o Facebook e o FBI e a CIA, o que, segundo ele, influencia ações da rede social contra Cuba, que há mais de 60 anos sofre embargo econômico dos EUA.

O site 14ymedio, criado pela jornalista crítica ao governo Yoani Sanchéz, classificou o posicionamento do governo e do Cubadebate como “conspiração” e disse que as provas levantadas são “muito pobres”. 

Dissidência é reprimida, diz Human Rights

Cuba possui atualmente cerca de 71% da população com acesso a Internet, segundo dados do relatório We Are Social. A vigilância do governo nas redes, porém, é um tema bastante criticado por organizações da sociedade civil. Conforme aponta o último estudo do Human Rights Watch, o governo cubano reprime e pune praticamente toda forma de dissidência e opinião crítica.

“O governo bloqueia rotineiramente o acesso a muitos sites de notícias e blogs em Cuba e repetidamente impõem a seus críticos restrições de acesso de pacote de dados de telefonia móvel”, explica a organização.

Em agosto do ano passado, Cuba publicou o Decreto-Lei 35/2021 que regulamenta o uso das telecomunicações e trata da desinformação. Segundo a norma, os provedores de Internet devem interromper, suspender ou encerrar os serviços quando um usuário publica informações consideradas falsas ou que afetam a moralidade e a ordem pública. 

Ainda conforme o Humans Right Watch, a lei está sendo utilizada para interrogar e multar jornalistas e críticos do governo. A BBC chegou a chamá-la de “Lei da Mordaça”, considerando-a um projeto de criminalização das críticas ao governo.

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