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Naiara Demarco/CGCOM/CAPES

abr 2, 2024 | destaques, notícias

Conferência Livre: Ciência no Combate à Desinformação – dia 1

Naiara Demarco/CGCOM/CAPES
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“O problema da informação na era digital não é uma questão de comunicação, mas da democracia”, afirmou Nina Santos, coordenadora geral do *desinformante e diretora do Aláfia Lab, nesta terça-feira (2) na conferência de abertura da ‘Conferência Livre: Ciência no Combate à Desinformação’. Para a pesquisadora, a desinformação não pode ser vista apenas dentro da área disciplinar da comunicação ou como uma área do governo, mas sim como um problema para a democracia.

O evento faz parte das reuniões preliminares da 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, com discussões sobre a infraestrutura da pesquisa até o seu financiamento e impacto. A conferência é o primeiro esforço conjunto de diversos centros de pesquisa e do Executivo nacional para construir ciência e políticas públicas de combate à desinformação. Integram a iniciativa o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR).

Na mesa de abertura, o diretor do Ibict, Tiago Braga, destacou a importância de a comunidade científica ter um protagonismo no debate do combate à desinformação dialogando com a fala da presidente da CAPES, Denise Carvalho, de que os cientistas possuem o antídoto para o tema porque ele reside no que eles sabem fazer de melhor: buscar a verdade.

O assessor da presidência da Finep, Edward Madureira, também ressaltou a crença nas respostas que a ciência brasileira pode trazer ao problema, mas reforçou que, no cenário da desinformação, a ciência é uma das principais vítimas. Madureira relembrou os ataques sistemáticos que as instituições científicas sofreram do próprio ministro da educação na gestão anterior e destacou a postura diferente do novo governo.

O governo foi representado pelo secretário de Políticas Digitais da Secom, João Brant, que enalteceu o compromisso com o processo científico e a ciência brasileira. “Dada a gravidade do problema no Brasil, o país tem métodos e pesquisadores num patamar alto para servir de referência”, disse Brant. O secretário se comprometeu, na ocasião, a atuar para promover uma política de pesquisa e desenvolvimento dessa área e a colocar o debate na agenda do G20, reforçando como esse é um problema mundial e as possibilidades de colocar ele mais em evidência durante o evento do qual o Brasil é sede este ano.  

O protagonismo brasileiro nesta pauta internacional foi igualmente mencionado por Nina Santos em sua conferência. A pesquisadora reforçou que, desde que o fenômeno da desinformação foi impulsionado, em 2016, essa é a primeira vez que o Brasil tem um governo capaz de criar políticas públicas para o enfrentamento ao problema. No entanto, argumentou Santos, essa é uma agenda informacional que precisa ser construída a partir do Sul Global.

“Não uma agenda do Sul, mas uma agenda a partir do Sul, onde vive a maior parte da população mundial. Um esforço multissetorial que, primeiro, não reproduza mentalidades e realidades geopolíticas exteriores”, disse a pesquisadora, ao caracterizar questões específicas da realidade brasileira e de outros países do Sul Global, como o uso intenso de aplicativos de mensagens, os níveis de desigualdade social, as democracias jovens e instáveis e a distância – física e imaginária – das sedes das grandes empresas de tecnologia que tratam esses países e seus cidadãos como menos importantes. 

“Conectar informação e democracia, formular o que queremos de uma democracia na era digital e criar possibilidades de ação conjunta para caminhar na concretização dessas transformações me parece que é a nossa missão”, concluiu Santos.

Também foram debatidas, no primeiro dia de evento, estratégias comuns de combate à desinformação envolvendo a ciência e a sociedade. A coordenadora geral da Rede Nacional de Combate à Desinformação, professora Ana Regina Rêgo, colocou a necessidade de se criar um comum compartilhado e de se pensar junto estratégias de mitigação a partir de experiências de projetos locais. Marco Schneider, pesquisador do Ibitc, destacou a quantidade de trabalhos relevantes que estão sendo feitos na área e que precisam ser mediados para que haja sinergia nessas estratégias.

O desafio de dialogar com a temporalidade da ciência para ações que necessitam de um ritmo mais acelerado também foi pauta dos debates. Natasha Felizi, diretora do programa de jornalismo e mídia do Instituto Serrapilheira, indicou o olhar para a conexão entre pesquisa, geração de evidências e incidência política, algo que vem trazendo bons resultados no campo e que precisa ser fomentado. Nesse sentido, Ana Júlia Bernardi, diretora do Instituto Democracia em Xeque, apresentou o modelo da organização que trabalha na articulação entre academia, comunicação e sociedade civil no combate à desinformação.

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