Você vai me dizer que sua avó está mais por dentro das novas ferramentas tecnológicas que todos nós e que a amiga dela é uma super influencer no insta. E é isso mesmo. Há um número cada vez maior de idosos ativos no universo digital. Um levantamento realizado pelo Kantar Ibope revelou que 75% dos idosos com acesso à internet fizeram alguma transação online no ano passado, comportamento intensificado durante a pandemia. Além disso, foi detectado um aumento de 66% nas interações via mídias sociais em comparação com os últimos anos.
Porém, a questão é que idosos estão mais suscetíveis a cair em golpes financeiros na internet e também a repassarem informações falsas. De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, usuários do Facebook acima dos 65 anos compartilharam sete vezes mais notícias falsas do que o grupo etário mais jovem, de 18 a 29 anos. O assessor pedagógico do EducaMídia, Bruno Ferreira, explica que crianças e jovens são contemplados com o letramento midiático na educação formal, mas este grupo 60+ está imerso na cultura digital, recebe e repassa informação, mas não teve acesso ao desenvolvimento de competências para lidar com este universo.
Pensando nisso, o EducaMídia tem trabalhado programas de educação midiática para esta faixa etária, através da formação de multiplicadores em organizações e entidades voltadas a idosos. Os materiais estão disponíveis gratuitamente no site do programa.
Em agosto, será lançado um módulo sobre informações nas eleições, mostrando como a desinformação pode atrapalhar a escolha do candidato, quais os tipos de informações falsas mais encontradas e como fazer para reconhecê-las. Um dos temas a ser abordado serão as deepfakes.
Também serão apontadas as fontes confiáveis de informação para este período eleitoral, como o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “A gente evita entrar no debate político. Mencionar partidos e candidatos, mas não podemos deixar de discutir o que é fato e o que não é fato. Sobre as urnas, por exemplo, não podemos deixar de falar sobre isso”, acrescenta Ferreira. A intenção do EducaMídia é formar potenciais multiplicadores destes módulos.
Pela experiência com formações anteriores, Bruno conta que é muito comum que os idosos tenham receio de golpes financeiros na internet, a ponto de não usarem o aplicativo do banco por medo de serem enganados. No *desinformante, você pode encontrar uma cartilha sobre como evitar golpes financeiros na internet e o que fazer se for vítima de algum deles.
O deputado Alexandre Frota (PSDB/SP) apresentou um projeto de lei que dispõe sobre a criação de um programa de inclusão digital para idosos. O texto apresentado propõe um programa que inclua pessoas idosas para o uso de novas tecnologias de informação por meio de cursos que permitam o acesso à informação e que facilitem o aprendizado para o uso das novas plataformas digitais e de disseminação de conteúdo. O projeto prevê, ainda, a possibilidade de parcerias com universidades, organizações não governamentais e organizações religiosas para a realização do programa. Em sua justificativa, o deputado afirma que o PL “busca por um programa de inclusão digital adaptado ao idoso, considerando sua escolaridade, experiência anterior com tecnologias, habilidade manual, acuidade visual e auditiva e funções cognitivas”.