A checagem dos fatos, ou em inglês fact-checking, é uma das medidas mais populares e conhecidas contra a desinformação. Os jornalistas que atuam nessa área buscam contextualizar e verificar informações declaradas por autoridades públicas ou que circulam nas mídias sociais, prática conhecida também como debunking.
Apesar de possuírem rotinas próprias, as iniciativas possuem metodologias similares. Elas buscam realizar a checagem a partir de dados públicos e, a partir disso, rotulam aquela informação de acordo com etiquetas que vão de ‘verdadeiro’ a ‘falso’, mas que em geral possuem gradações como ‘exagerado’ ou ‘não é bem assim’. Dessa forma, o leitor da verificação consegue mais facilmente saber se aquela informação é ou não verdadeira e quais as fontes foram usadas para a pesquisa.
Os verificadores, além de produzirem material para suas plataformas, também fazem parcerias com plataformas digitais para auxiliar no combate à desinformação nas redes. O Facebook, por exemplo, tem o projeto Third Party Fact-checking, em que contrata iniciativas para verificar informações possivelmente enganosas que estão sendo compartilhadas na plataforma e, a partir disso, diminui o alcance do conteúdo ou o remove.
Esse tipo de checagem se distancia do jornalismo praticado tradicionalmente porque busca verificar os fatos após a publicação da informação, seja em discursos ou nas timelines. O formato surgiu na década de 90 nos Estados Unidos, mas ganhou força a partir dos anos 2010 e vem crescendo nos últimos anos ao redor do mundo. O Duke Reporters’ Lab já identificou 348 iniciativas de checagem de fatos, oito delas foram mapeadas no Brasil, mas pesquisadores brasileiros já chegaram a identificar até 15 núcleos de verificação ativos em 2020.
Com a expansão das agências foi lançado em 2015 o International Fact-checking Network com o intuito de aprimorar as práticas ao redor do mundo e fortalecer essa cultura de verificação. Além de outras atribuições, o IFCN concede às práticas um selo de qualidade que garante o cumprimento de cinco compromissos éticos: compromisso com apartidarismo e equidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e da organização; transparência da metodologia; e uma política correta e aberta de correções. No Brasil três instituições são signatárias do projeto e possuem esse selo, a Agência Lupa, Aos Fatos e Estadão Verifica.
Contraponto à checagem de fatos
Uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts mostrou em 2018 que informações falsas têm 70% mais chances de serem compartilhadas que informações verdadeiras. Ou seja, a desinformação tende a circular mais rapidamente e com mais intensidade que notícias verificadas. Assim, o fact-checking não consegue alcançar o mesmo público que uma fake news. Além disso, a desinformação mobiliza afetos e as crenças não costumam mudar com uma visão racional dos fatos.
Vale a leitura:
- Mapa das agências de checagem: https://reporterslab.org/fact-checking/
- Código de conduta IFCN (rede internacional de agências de checagem): https://www.ifcncodeofprinciples.poynter.org/