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ChatGPT chega às salas de aula e desafia futuro da educação

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Com o lançamento do ChatGPT e de outras Inteligências Artificiais (IA) generativas, muito se fala na adesão e nos impactos que elas trazem às redações, aos escritórios e às atividades criativas. Mas, além disso, essas novas tecnologias também estão chegando às salas de aula mundo afora, trazendo novos desafios para a educação, de forma que professores e instituições se perguntam: proibir ou incentivar o seu uso?

No início do ano, com a novidade disponível, algumas escolas e universidades dos Estados Unidos, por exemplo, iniciaram um movimento de banimento das funcionalidades de IA para evitar práticas de plágio dos alunos, principalmente em avaliações. Receio parecido também incentivou a universidade francesa Sciences Po, em Paris, a não só proibir o uso, como também ameaçar de expulsão os alunos que forem pegos desenvolvendo trabalhos com a ajuda da funcionalidade da OpenAI.

Porém, no início deste semestre, a onda de desconfiança parece ter perdido força, dando lugar a professores e gestores de educação que estão testando as novas tecnologias criativas no dia a dia da sala de aula.

Em agosto, o The New York Times mostrou como diversos distritos norte-americanos estavam renunciando o bloqueio ao ChatGPT e desenvolvendo oficinas com docentes para ensinar os melhores usos da tecnologia. Isso ocorreu, segundo a matéria, depois que as escolas compreenderam que a interrupção do acesso nas instituições não impediam que os alunos usassem e testassem a funcionalidade em casa.

Os distritos, então, estão adotando a tecnologia para auxiliar nas atividades de planejamento dos professores, que por sua vez, estão ensinando aos alunos como usar a tecnologia da melhor maneira possível. Além disso, práticas de educação midiática também estão sendo realizadas, discutindo em sala como os chatbots podem criar desinformação e replicar preconceitos humanos.

“O mundo que nossos filhos estão herdando estará cheio de IA, e precisamos ter certeza de que eles estão bem equipados para isso, tanto os benefícios quanto às desvantagens”, disse Wade Smith, superintendente das Escolas Públicas de Walla Walla, cidade do estado de Washington, em um comunicado. “Colocar a cabeça atrás da cortina ou debaixo dos lençóis e esperar que isso desapareça simplesmente não é realidade.”

Professores universitários ainda estão divididos sobre uso 

O movimento de abertura às IAs também está acontecendo no mundo acadêmico. O professor Jonathan Zimmerman, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, disse ao The Washington Post que permitirá o uso dos chatbots para que os alunos escrevam artigos e avaliações, desde que esclareçam quando lançarem mão disso. Mesmo assim, o docente espera que as tecnologias não sejam tão utilizadas pelos discentes, pois acredita que as IAs não os ajudarão a aprender por conta própria.

Já o professor de teologia da Universidade de Fordham, em Nova York, Michael Peppard, incentiva o experimento das tecnologias. Neste semestre, os alunos terão que usar os chatbots para algumas tarefas, mas sem perder o olho crítico, tendo que criticar respostas, omissões e informações falsas desenvolvidas pelas funcionalidades. No planejamento, Peppard também vai reintroduzir avaliações em formatos mais antigos, como exames orais individuais.

“Este semestre será no ‘modo sandbox’, como dizem os gamers, uma mistura exploratória do velho mundo com o admirável mundo novo. Sim, leremos estudos e escreveremos ensaios, mas também usaremos IA generativa individualmente e em conjunto. Aumentaremos a frequência e os modos de colaboração em grupo e o desenvolvimento de questões de ordem superior que a IA não faz”, escreveu Peppard para a Bloomberg.

Mesmo assim, muitos docentes ainda não desejam implementar a tecnologia a curto prazo. Preocupações com plágio em avaliações, alguns professores disseram à Associated Press que estão buscando desenvolver exames à prova de ChatGPT, resgatando atividades escritas à mão. “Estamos em plena crise”, disse um professor de redação. Ele planeja proibir a ferramenta da OpenAI neste semestre, enquanto outros acadêmicos disseram que planejam trazer de volta os exames em papel.

Unesco alerta sobre riscos

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) vem acompanhando o tema da IA. No início deste mês, a organização publicou no site oficial um comunicado, afirmando que as tecnologias podem ajudar no desenvolvimento da qualidade da educação, mas também traz riscos e desafios que devem ser considerados pelos debates sobre marcos regulatórios ao redor do mundo.

“A Inteligência Artificial (IA) tem potencial para enfrentar alguns dos maiores desafios da educação atual, inovar as práticas de ensino e aprendizagem e acelerar o progresso rumo ao ODS 4. No entanto, os rápidos desenvolvimentos tecnológicos trazem inevitavelmente múltiplos riscos e desafios, que até agora ultrapassaram as políticas, debates e marcos regulatórios”, afirma.

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