Depois de presidir a Cúpula do G20 no ano passado, em 2025 o Brasil sediará mais um evento importante no contexto geopolítico mundial: a Cúpula do BRICS. O evento, que ocorrerá nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, tem a governança da Inteligência Artificial como um dos quatro temas prioritários, além de levar em consideração a questão da desinformação.
Na nota conceitual, publicada mês passado, o governo federal afirma que o BRICS pode contribuir para a construção de uma governança internacional da IA, com foco na promoção do desenvolvimento sustentável e inclusivo, respeitando os direitos humanos e o direito internacional. Além disso, a nota também prevê a proteção dos dados pessoais e o desenvolvimento da diversidade linguística e cultural para a promoção da transparência, do acesso e da difusão dessa tecnologia.
Ainda sobre o tema, o documento cita a garantia da integridade da informação para uso ético, seguro, confiável e responsável. A redução das desigualdades, criação de oportunidades econômicas e defesa da concorrência também estão na pauta do governo para esse evento.
“A cooperação do BRICS deve promover uma abordagem centrada no ser humano, orientada para o desenvolvimento, de forma inclusiva e sustentável, para melhorar a vida das pessoas e reduzir as desigualdades digitais. Ao colaborar nessa área, nossos países podem fazer avanços significativos em inteligência artificial e tecnologias relacionadas”, trouxe a nota.
O primeiro encontro do Grupo de Trabalho de Tecnologias da Comunicação e Informação, liderado pelo Ministério das Comunicações, ocorrerá nesta sexta-feira (7). Na próxima quinta-feira (13), a IA também será tema de encontros realizados pelo Banco Central e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDCI).
Nos primeiros encontros do BRICS, realizados nas últimas semanas, já é possível notar que o assunto da IA será transversal a outros grupos de trabalho. A aplicação da tecnologia na área da saúde, por exemplo, foi destacada por Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde do Brasil. O grupo de Educação também já começou os debates sobre o impacto dos sistemas automatizados nos sistemas educacionais dos países dos BRICS.
Mudanças climáticas e desinformação no BRICS
A pauta ambiental será outro dos temas prioritários do governo federal para a Cúpula do BRICS deste ano. O assunto também é puxado pela COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), programada para ser realizada em novembro na cidade de Belém, no Pará.
Vale lembrar que durante o G20, o tema da desinformação climática foi discutido no grupo de trabalho da Economia Digital. Em evento realizado em São Paulo, em maio passado, o governo federal anunciou uma aliança entre governos e entidades intergovernamentais contra o fenômeno da desinformação climática.
Na mesma ocasião, a subsecretária geral das Nações Unidas, Melissa Fleming, também afirmou que a desinformação atrapalha o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como o combate à fome e às mudanças climáticas e a integridade das democracias em todo o mundo.
Fortalecendo o Sul Global
Diferente da cúpula do G20, a Cúpula do BRICS tem presença majoritária de países do Sul Global e não ocidentais. Além do Brasil, são esperados no evento mais 21 países como Arábia Saudita, África do Sul, China, Egito, Etiópia e Indonésia.
A perspectiva do Sul Global, que foi defendida pelo Brasil durante o G20, permanece no evento deste ano. O país estabeleceu o tema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, concentrando-se em duas prioridades: a cooperação entre países do Sul Global e a parceria para o desenvolvimento social, econômico e ambiental.
“No ano passado, a presidência brasileira do G20 demonstrou ser possível alcançar consensos para a superação dos grandes desafios globais. Agora é hora de reafirmar a vocação do BRICS na luta por um mundo multipolar e por relações menos assimétricas entre os países”, trouxe a nota temática expedida pelo governo federal sobre a cúpula.