A sexta edição da Pesquisa de Percepção pública da Ciência e Tecnologia revela um cenário preocupante quanto à disseminação de desinformação: 5 a cada 10 brasileiros relatam se deparar frequentemente com notícias que parecem falsas (50,8%). Adicionalmente, 29,2% do público da pesquisa relata ocasionalmente se deparar com esse tipo de conteúdo, enquanto apenas 5,1% afirmam nunca encontrar notícias falsas. “Esses números destacam a gravidade do problema das fake news e do seu potencial de influência na sociedade”, alertam os responsáveis pelo estudo, produzido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos.
Ainda no capítulo sobre desinformação, ao menos 40% dos entrevistados afirmaram que só acreditam em uma informação se ela for confirmada por outras fontes, independentemente da natureza da fonte original. Esse percentual é maior quando se trata de empresas privadas como fonte de informação, chegando a 62,3%. Os brasileiros tendem a achar que a informação, em geral, é verdadeira quando são provenientes de pessoas ou instituições que eles admiram (42,3%), enquanto suspeitam da veracidade das informações provenientes de pessoas ou instituições das quais discordam (45,6% suspeitam que são falsas).
Sobre a confiança nas fontes de informação, entre as menos confiáveis apareceram os políticos (para 64,6%), seguidos de jornalistas (23,7%), militares (15,2%), artistas (13,5%), religiosos (13,3%), seguidos por cientistas de universidades/institutos públicos de pesquisa e/ou de empresas (9,8%), médicos (7,3%), escritores (3,7%) e representantes de organizações de defesa do meio ambiente (3,3%).
Meio ambiente é um dos temas de maior interesse, mas negacionismo aparece
O meio ambiente é um dos temas de maior interesse no universo da ciência, apontou a pesquisa. O negacionismo ambiental, amplamente difundido nas redes sociais e mídias hiperpartidárias, no entanto, mostra seu efeito na incompreensão de consensos científicos desta área.
Ao serem questionados em relação à percepção sobre as mudanças climáticas, a grande maioria dos entrevistados afirmou ter consciência de que as mudanças climáticas estão acontecendo (95,4%), enquanto apenas 3,5% afirmaram que não.
Entretanto, cerca de 19,6% acreditam, apesar das evidências científicas, que essas mudanças ocorrem, principalmente, de forma natural no meio ambiente, sem intervenção humana. Em contrapartida, na opinião de 78,2%, o fenômeno é causado principalmente pela ação humana.
Para os pesquisadores, o cenário revelado pela pesquisa se justifica em parte pelo contexto vivido na pandemia da Covid-19 e “ aponta para importantes caminhos políticos e educacionais para combate à desinformação e para a participação pública em C&T.”
Leia abaixo o resumo executivo da pesquisa: