Fátima, o bot de checagem da iniciativa de fact-checking Aos Fatos, foi impedida de atuar no Twitter no início de agosto. Desde 2018 no ar, a robô enviava checagens aos usuários que compartilhavam informações falsas na plataforma. O rastreamento dessa divulgação era realizado por meio do acesso ao API do Twitter e, após ter a conta suspensa por 10h, tal acesso foi banido, impedindo assim a atividade automatizada.
O @fatimabot mapeava links e mensagens sobre temáticas já checadas pelo Aos Fatos e respondia a essas mensagens com a verificação, como no exemplo ao lado.
No período que atuou na plataforma, de julho de 2018 a agosto de 2021, o bot de checagem respondeu a mais de 5.000 tweets, de acordo com os registros na página. Sem o acesso ao API, no entanto, o trabalho não pode ser continuado. De acordo com o Aos Fatos, o mecanismo foi programado para responder de forma empática aos usuários e não prejudicar o debate que ocorre de forma legítima na rede social.
O Twitter, em nota oficial enviada ao Desinformante, afirmou que a decisão ocorreu por violação das regras de automação da plataforma, “devido à atividade de mencionar, responder ou comentar, de forma duplicada e não solicitada, conteúdos relacionados a contas que não estão interagindo diretamente com o perfil”.
Repercussão
O caso repercutiu nas duas audiências públicas que aconteceram na mesma semana para elaboração do PL das fake news (PL 2630/20). No debate sobre transparência e prestação de contas, Laura Moraes, coordenadora sênior de Campanhas de Advocacy na Avaaz, destacou a importância do bot para combater a desinformação e reivindicou um debate sobre a suspensão. Já Marcelo Träsel, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), ressaltou a importância de que não haja um excesso na moderação que acabe prejudicando o trabalho jornalístico.