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abr 10, 2023 | Destaques, Notícias

Ameaças de novos ataques a escolas explodem nos grupos de WhatsApp e causam pânico e confusão

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Menos de uma semana após o ataque à creche em Blumenau (SC), as redes sociais foram palco para desinformação e novas ameaças de violência nas escolas nesta segunda (10), causando pânico e confusão entre pais, alunos e corpo docente.

No Rio de Janeiro, boatos sobre possíveis episódios violentos ganharam as plataformas de mensageria, como o Whatsapp. A carioca B.M, mãe de duas estudantes – uma de universidade e outra de escola particular – recebeu hoje os conteúdos no celular.

“Eram prints de troca de mensagens alertando um possível ataque a duas escolas municipais do rio, dizendo que eles iriam ‘varrer a área’. Achei que era para causar pânico, mas a gente nunca sabe”, disse.

Uma dessas escolas era o Colégio São Vicente de São Paulo, na Zona Sul da cidade, que enviou um comunicado à comunidade escolar sobre as mensagens de ameaças de atos de violência. 

Na mensagem, compartilhada também pelo WhatsApp, a escola diz: “Cumpre-nos informar que os órgãos competentes já foram comunicados e tomaram as medidas cabíveis, avisando à Delegacia de Crimes Cibernéticos e lavrando boletins de ocorrência”.

No Twitter, outros pais e alunos compartilharam o clima de medo e confusão diante de possíveis ameaças de novos ataques em instituições de educação. “Está o caos e pânico em todos os grupos de WhatsApp de escolas e creches”, compartilhou o biólogo Luiz Bento.

Mas não são apenas os pais que ficaram com medo. Ainda nesta segunda, em Poços de Caldas (MG), alunos retornaram às aulas após a Páscoa portando armas com receio de sofrerem ataques parecidos com os de Blumenau e de São Paulo.

Twitter não exclui novas ameaças

Em uma pesquisa no Twitter na tarde de hoje, o *desinformante achou perfis aparentemente de adolescentes com conteúdos violentos e com promessas de novos ataques. Muitas dessas postagens suspeitas foram feitas na semana passada e ainda não haviam sido retiradas pela plataforma.

Na quinta-feira (6), o Núcleo já havia identificado perfis apoiando explicitamente massacres escolares na rede social. Das 160 contas monitoradas pelo veículo, apenas 3 sofreram algum tipo de punição, mostrando a falha de moderação de conteúdo por parte da empresa, que nos últimos meses sofreu com seguidas demissões em massa.

No Google, o termo “Ataque em escola” foi a 15a palavra mais buscada no Brasil, com mais de 5 mil pesquisas diárias. Já a palavra “massacre” teve um pico considerável a partir do dia 5 de abril, data em que ocorreu o ataque à creche em Blumenau (SC).

O *desinformante tentou entrar em contato com a Meta, Youtube, TikTok e Twitter para saber como as plataformas lidam com conteúdos referentes a ataques em escolas e se há planos para implementação de medidas com o objetivo de conter tais ações. Apenas as duas primeiras responderam às perguntas enviadas pela redação.

Em comunicado, a Meta afirmou que não permite a presença de conteúdos, pessoas ou organizações que anunciem missão violenta ou que estejam envolvidos em atos de violência nas plataformas do grupo, como atos de ódio, assassinatos em massa e chacinas. Conteúdos que expressam apoio ou exaltam grupos e pessoas envolvidas nessas atividades também são removidos.

Sobre o WhatsApp, a empresa afirmou que, por utilizar criptografia de ponta a ponta, o aplicativo não tem acesso aos conteúdos trocados e, consequentemente, não realiza moderação de conteúdo. 

“O aplicativo encoraja que as pessoas reportem condutas inapropriadas diretamente nas conversas, por meio da opção “denunciar” disponível no menu do aplicativo (menu > mais > denunciar) ou simplesmente pressionando uma mensagem por mais tempo e acessando menu > denunciar. Os usuários também podem enviar denúncias para o e-mail [email protected], detalhando o ocorrido com o máximo de informações possível e até anexando uma captura de tela”, explicou a empresa.

Ministério da Justiça abre canal de denúncias

No final de semana, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP), junto com a SaferNet, lançou um canal para recebimento de denúncias sobre possíveis ataques e ameaças online contra escolas. A iniciativa faz parte da Operação Escola Segura, força-tarefa realizada em parceria com os estados para executar ações preventivas e repressivas contra ataques em escolas no país. 

No site, a iniciativa tem um campo específico para informar o link da plataforma onde estão as postagens. O MJSP também recomenda que a denúncia traga de forma clara informações como município, estado, escola e qual rede social está o conteúdo suspeito.

Além disso, o MJSP solicitou a retirada de 431 contas no Twitter por veicular hashtags relacionadas a ataques contra escolas no país e de mais 3 contas no TikTok por compartilhar conteúdo que incita medo. De acordo com informações divulgadas pela pasta, tanto os conteúdos como os autores estão sob investigação. Além disso, foi cumprido mandados de busca com apreensão de 7 armas, resultando na prisão de um suspeito. 

Ainda na noite da segunda-feira, dia 10, o ministro Flávio Dino e assessora Estela Aranha se reuniram com as sete plataformas para cobrar celeridade na remoção dos conteúdos e perfis que fazem apologia aos ataques escolares. Na ocasião, Dino afirmou que algumas redes sociais não estão atendendo as demandas do governo e criticou lentidão na retirada de conteúdos.

Em coletiva após a reunião, o ministro disse que cobrou ação das plataformas no cumprimento das solicitações do governo para a remoção de perfis que violem a lei ao fazer apologia à violência. No encontro, também foi exigido que as redes sociais criem canais velozes de comunicação para atender às solicitações das autoridades policiais brasileiras. Além disso, os esforços de monitoramento das redes por parte do MJSP continuam “com muita atenção” até o dia 20 de abril, data que circula como possível novo atentado, e não possui data para acabar.

Em comunicado enviado ao *desinformante, o Youtube afirmou:

“No dia 10 de abril, participamos de reunião convocada pelo Ministério da Justiça em uma demonstração do nosso  comprometimento com as autoridades públicas brasileiras no enfrentamento de desafios sociais, como os recentes episódios de violência em escolas. Também temos trabalhado em parceria com outros órgãos públicos e organizações da sociedade civil  em prol da segurança das pessoas contra conteúdos nocivos que violam nossas políticas  e desrespeitam nossas Diretrizes de Comunidade, a exemplo daqueles que propagam discursos de ódio e outras violências, como demonstra nosso relatório de transparência. Além  disso, anualmente, produzimos dados em resposta a milhares de pedidos de autoridades para instrução de investigações criminais no Brasil.”

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