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jun 7, 2023 | Destaques, Notícias

Discurso de ódio e até pornografia infantil persistem no Twitter

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A circulação de conteúdos nocivos no Twitter segue intensa, principalmente após a aquisição de Elon Musk e o desmonte de equipes de segurança da rede. Nas últimas semanas foram divulgadas pesquisas que mostram como a moderação falha e os novos critérios adotados pela plataforma, como o Twitter Blue, impactam na distribuição de postagens com discurso de ódio e até pornografia infantil.

O Centro de Combate ao Ódio Digital (Center For Countering Digital Hate – CCDH) realizou uma pesquisa que identificou como o Twitter está falhando em agir para combater o ódio postado pelos assinantes do Twitter Blue, o que sugere que a plataforma está permitindo que eles quebrem suas regras com impunidade e até mesmo aumentando algoritmicamente seus tweets tóxicos.

O Twitter Blue é a forma com que os usuários podem receber o selo de verificação na plataforma mediante pagamento – antes de Musk a “conquista” do selo era gratuita. Entre os benefícios destacados pela empresa, estão a possibilidade de editar os tweets, fazer tweets mais longos, além do destaque no conteúdo dos assinantes. Isso muda a dinâmica de impulsionamento de tuítes, já que quem o assina ganha não só o selo de verificado, mas também a possibilidade de ter suas publicações espalhadas para mais pessoas dentro da rede social, podendo ser considerada uma nova forma de publicidade paga.

Na investigação realizada pelo CCDH, os pesquisadores coletaram 100 tweets de assinantes do Twitter Blue postados no último mês que promoviam ódio, com conteúdo racista, homofóbico, neonazista, anti-semita ou conspiratório. Esses tweets foram reportados à plataforma a partir das próprias ferramentas da rede que permitem a denúncia. Quatro dias após, 99% das postagens e 100% das contas permaneciam ativas. “No único caso em que o Twitter removeu um tweet de ódio, a conta da qual foi tuitado permanece ativa”, registrou o relatório da pesquisa.

Os conteúdos denunciados que continuam até hoje na plataforma reproduziam frases do tipo: “A cultura negra causou mais danos [do que] o klan jamais fez”, “Diversidade é uma palavra-chave para o genocídio branco”, “Hitler estava certo”, os negros devem ficar “trancados em gaiolas no zoológico” e “Travesti são pedófilos”. Os dois últimos tweets, apurou o *desinformante, receberam um selo dizendo que a visibilidade do conteúdo foi limitada porque ele “pode” violar as regras do Twitter contra conteúdo de ódio.

“A falta de responsabilidade do Twitter para remover o discurso de ódio não é surpreendente. Estudos anteriores da CCDH analisaram o ódio antijudaico e antimuçulmano no Twitter, descobrindo que a plataforma não conseguiu agir em 89% e 97% das postagens, respectivamente”, destacou o relatório da pesquisa.

Além da não remoção, a pesquisa destacou como o conteúdo odioso é priorizado por possuir o selo azul de verificação por apenas $ 8 dólares por mês, como o próprio Elon Musk destacou em abril:

“Nossa sociedade se beneficiou de décadas de progresso na tolerância, mas Elon Musk está desfazendo essas normas em um ritmo cada vez mais acelerado, ao permitir que o ódio prospere nos espaços que administra, tudo com a aprovação tácita dos anunciantes que permanecem em sua plataforma”, disse Imran Ahmed, chefe executivo do Center for Countering Digital Hate.

Outra pesquisa realizada pelo Observatório da Internet da Universidade de Stanford e divulgada pelo The Wall Street Journal destacou que o Twitter não está removendo conteúdo de abuso e pornografia infantil nos últimos meses, mesmo com alertas enviados à empresa pelos pesquisadores. Através de um sistema de detecção, os pesquisadores identificaram, em meio a 100 mil tweets, 40 imagens ilegais de abuso infantil, que inclusive já haviam sido sinalizadas anteriormente como tal e estavam em um banco de dados para o rastreamento nas plataformas. 

Apesar da situação ter sido aparentemente resolvida no final do mês passado, os pesquisadores alertaram a dificuldade em comunicar os resultados à empresa. Preocupações com o impacto acadêmico no fim da gratuidade da API, mecanismo usado para extração e análise de dados da plataforma, também foram levantadas. “Esperamos que o Twitter decida se envolver novamente com pesquisadores acadêmicos para proteger sua plataforma de manipulação indevida”, afirmou Alex Stamos, diretor do Observatório da Internet de Stanford e coautor do relatório. Esses achados fazem parte de uma pesquisa maior divulgada nesta quarta-feira (7) que busca investigar conteúdo infantil abusivo em diversas plataformas digitais.

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