Sete sites educacionais para estudantes brasileiros, incluindo dois deles criados pelas secretarias da educação de São Paulo e Minas Gerais, faziam vigilância sobre crianças e adolescentes, coletando dados pessoais e rastreando o uso da Internet fora da sala de aula. É o que mostrou o último relatório publicado pela organização internacional Human Rights Watch.
Desenvolvido entre novembro de 2022 e janeiro deste ano, o estudo descobriu que os sites, criados com propósito de educação infantojuvenil, extraíam informações sobre os usuários e os enviava para empresas terceirizadas de publicidade.
Cinco deles utilizaram métodos intrusivos para isso, com técnicas invisíveis ao usuário comum. Uma das técnicas era a gravação de sessão, que consiste no monitoramento do comportamento de navegação, como cliques e rolagem das páginas.
Os sites analisados pelo estudo são: Estude em Casa, Centro de Mídias da Educação de São Paulo, Descomplica, Escola Mais, Explicaê, MangaHigh e Stoodi. Um oitavo site, o Revisa Enem, enviou os dados das crianças para uma empresa terceirizada, mas sem usar rastreadores específicos de anúncios.
“Esses sites não apenas observavam as crianças dentro de suas salas de aula on-line, mas também as seguiam pela Internet, fora do horário escolar e profundamente em suas vidas privadas”, disse a organização.
Para o HRW, a Secretaria de Educação de Minas Gerais afirmou retirar todo o rastreamento de anúncios de seu site, o Estude em Casa (que recentemente foi renomeado para “Se Liga na Educação”). Já a Secretaria de São Paulo não respondeu aos contatos da organização e continua endossando não só a própria plataforma, como também os sete sites analisados pelo relatório.