Sem um sistema automatizado em escala, o Twitter estaria removendo de forma manual os selos azuis de verificação herdados com receio de interromper o funcionamento da plataforma. Foi o que disseram dois ex-funcionários da rede social para o jornal The Washington Post. Até agora, três dias após o prazo, poucas contas perderam o emblema e perfis já temem ser confundidos com pagantes do Twitter Blue.
Ao veículo norte-americano, a dupla afirmou, sob condição de anonimato, que a plataforma não possui um sistema capaz de retirar a verificação de inúmeros perfis ao mesmo tempo, questão herdada da gestão anterior. “No passado, não havia como remover emblemas de maneira confiável em grande escala – levando os funcionários que lidam com spam, por exemplo, a remover as marcas uma a uma”, explicaram os ex-funcionários.
Dessa forma, cumprir rapidamente o fim dos selos verificados herdados poderia interromper o funcionamento de sistemas fundamentais para a plataforma, como o próprio algoritmo de recomendação e os filtros de spam. Nos últimos meses, após sucessivas demissões em massa, a empresa enfrentou diversos problemas em serviços depois de atualizações de sistema.
Além disso, os ex-funcionários contaram que, ao conceder o selo de verificado como benefício do Twitter Blue, em novembro do ano passado, a empresa não conseguiu distinguir imediatamente quem já possuía a marca de verificação de quem havia comprado pelo serviço pago.
O fim do selo verificado herdado – concedido como status a perfis de artistas, jornalistas, influencers e outras personalidades – foi anunciado pela plataforma no final de março. Em comunicado, a empresa afirmou que, a partir do dia primeiro de abril, quem quisesse manter a verificação precisaria assinar o serviço pago do Twitter blue, que custa atualmente R$ 42 mensais. Organizações e perfis oficiais receberiam um selo dourado para diferenciação.
Para pesquisadores em monitoramento de redes sociais e integrantes da sociedade civil, é importante ter uma lista clara e pública de quem assina o serviço. Isso porque, segundo eles, o Twitter Blue muda a dinâmica de impulsionamento de tuítes, já que quem o assina ganha não só o selo de verificado, mas também a possibilidade de ter suas publicações espalhadas para mais pessoas dentro da rede social, podendo ser considerada uma nova forma de publicidade paga.
Twitter atualiza rótulo nas contas verificadas e dificulta identificação
No final de semana, a plataforma adicionou uma nova mensagem aos ícones azuis, afirmando que a conta “foi verificada porque está inscrita no Twitter Blue ou é uma conta verificada preexistente”, sem deixar claro a origem do emblema fornecido ao perfil.
O pesquisador John Scott-Railton mostrou em seu perfil a diferença das mensagens anexadas ao símbolo de verificado entre a sexta-feira (31) e o domingo (2). “Essa é uma conta verificada herdada”, dizia o rótulo antes da alteração.
Alguns perfis verificados de jornalistas e de pesquisadores deixaram claro que os emblemas foram cedidos pela plataforma, criticando a possibilidade de obrigatoriedade de pagamento para manter a funcionalidade atrelada à conta.