O número de perfis falsos discutindo as eleições brasileiras cresceu no Twitter após os resultados do segundo turno e se potencializou em janeiro, aponta Cyabra, empresa israelense especializada em monitoramento de redes.
Ataques ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e alegações de fraude no processo eleitoral foram as principais atividades registradas nessas contas.
O relatório da companhia, publicado pela coluna The Technology 202, indica um aumento considerável na atividade de bots, as contas robôs, depois de outubro. O crescimento chegou a 20% neste mês, marcado pelos atos golpistas na Praça dos Três Poderes.
Os conteúdos postados pelos perfis falsos eram majoritariamente anti-Lula, referindo-se ao presidente eleito como “ladrão” por meio da hashtag #LulaLadrão ou questionando a integridade das eleições no Brasil. Estima-se que esses conteúdos chegaram a dezenas de milhões de usuários na rede social.
Para o monitoramento, a Cyabra analisou cerca de 10 mil contas mencionando as eleições brasileiras desde setembro no Twitter e no Facebook. Apesar de a plataforma da Meta também registrar resultados semelhantes, a maior presença e ação dos perfis falsos se deu na rede social de micro mensagens.
Para o mapeamento, os pesquisadores utilizaram aprendizado de máquina com o objetivo de identificar características de comportamento não humano nas redes sociais, atribuindo pontuações e realizando análises estatísticas para isso.
Antes das eleições do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, já havia alertado para os perigos das contas falsas e bots para o processo eleitoral. “Os comportamentos inautênticos estão lá para disseminar, amplificar a desinformação”, disse Barroso no 17º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji.
O banimento de contas robôs foi uma das promessas feitas por Elon Musk ao iniciar sua gestão como novo dono do Twitter em outubro passado. No primeiro semestre de 2022, o alto número de perfis inautênticos foi um dos principais argumentos do empresário para desistir da oferta inicial de compra da rede social feita em abril.