O grupo Meta suspendeu temporariamente algumas das suas políticas de comunidade durante a guerra, de acordo com informações obtidas pela Reuters. A partir de e-mails obtidos pela agência de notícias, a empresa não irá moderar conteúdos que incitem a violência contra a Rússia e soldados russos, incluindo posts pedindo a morte do presidente russo Vladimir Putin e o bielorrusso Alexander Lukashenko. O *desinformante fez um breve levantamento no Facebook, por meio do CrowdTangle, de conteúdos contendo os termos “kill Putin” ou “death Putin” e chegamos a 10.925 posts sobre a temática na última semana, sendo que juntos eles somavam 206.719 interações.
Essa ‘permissão’ para discursos violentos se aplica aos seguintes países: Armênia, Azerbaijão, Estônia, Geórgia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia, Rússia, Eslováquia e Ucrânia. A empresa afirma, no entanto, que ainda é proibida a publicação de conteúdo com ‘indicadores de credibilidade’, ou seja, com lugares ou métodos para a morte dos líderes, ou que vá de encontro a outra norma.
Para a Fox News Digital, a Meta destacou que essa exceção temporária se deu para que os afetados pela guerra possam “expressar sentimentos violentos contra as forças armadas invasoras” e reforçou que as manifestações de violência contra russos continuam proibidas fora do contexto atual de guerra. Para a plataforma, essa seria uma forma de “preservar a voz e a expressão das pessoas que estão enfrentando uma invasão”.
Os padrões de comunidade do Facebook, no entanto, garantem uma seção específica contra Violência e Incitação, em que destaca: “removemos palavras que incitem ou facilitem qualquer violência grave. Removeremos conteúdo, desativaremos contas e poderemos acionar as autoridades locais se notarmos um risco real de dano físico ou ameaça direta à segurança pública”.
Nessas regras a plataforma não permite a publicação de ameaças que possam levar à morte (e outras formas de violência de alta gravidade) e admissão de violência passada contra pessoas ou lugares que podem ser apresentadas por meio de:
- Declarações de intenção de cometer violência de alta gravidade. Isso inclui conteúdo em que um símbolo representa a pessoa visada e/ou inclui uma imagem de armas ou outra forma de representar a violência.
- Incitações à violência de alta severidade por meio de conteúdos em que a pessoa visada não é especificada, mas que incluem um símbolo que a represente e/ou imagens de armas simbolizando violência.
- Declarações a favor da violência de alta gravidade.
- Declarações condicionais ou intencionais incitando a prática de violência de alta gravidade.
- Declarações admitindo a prática de violência de alta gravidade, exceto quando compartilhadas em contexto de resgate, legítima defesa ou quando cometidas por militares, agentes policiais ou de segurança do estado.
A plataforma faz, no entanto, uma ressalva quanto às medidas: “Em determinados casos, constatamos ameaças condicionais ou de intenção dirigidas a terroristas e outros agentes violentos (por exemplo, os terroristas merecem morrer), e as refutamos por ausência de indícios credíveis específicos”.
Os e-mails aos quais a Reuters teve acesso também mostraram que a Meta está permitindo a publicação de conteúdos com elogios ao batalhão de direita Azov, mas a empresa afirma que essa exceção é apenas no contexto da atuação do seu papel na Guarda Nacional da Ucrânia.
A Rússia reagiu à ação da plataforma e exigiu a interrupção dessas “medidas extremas” e disse que irá tomar medidas extremas caso a empresa não bloqueie a incitação à violência.
Além disso, o governo russo solicitou que a Meta seja reconhecida como uma organização extremista. Essa não é a primeira medida da plataforma – ou de outras – contra o país, veja aqui a lista completa.