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Andrea Piacquadio no Pexels

jan 26, 2022 | destaques, notícias

Os motivos que levam pessoas a acreditarem em fake news (e a repassarem) 

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As fake news estão muito associadas à influência política que acaba criando uma suscetibilidade nas pessoas de discernir o que é conteúdo de qualidade das notícias falsas, porém um estudo apontou três fatores que levam as pessoas a acreditarem mais nas fake news independentemente da verdade. Os autores Gordon Pennycook da Universidade de Regina (Canadá) e  David G. Rand do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) buscaram sintetizar a literatura acadêmica do campo de desinformação para investigar as razões que levam as pessoas a acreditarem e a compartilharem notícias falsas ou enganosas online.

Repetição: Quando uma pessoa vê uma afirmação repetidamente, ela passa a acreditar ainda mais nessa informação. Isso se aplica mesmo que o conteúdo seja algo estranho e ela não queira acreditar. A sofisticação cognitiva não protege o leitor do efeito da repetição. Em outras palavras, as pessoas que são inteligentes e têm pensamento crítico não estão bem protegidas para não acreditarem em notícias falsas, caso elas sejam exibidas repetidamente. 

Consistente com crenças: Existe uma maior crença em fake news quando essas novas informações se alinham com o interesse político do indivíduo. Essas crenças não estão  necessariamente associadas à motivação política. Organizações partidárias têm diferentes crenças factuais, por isso podem expor as pessoas a diferentes fluxos de informações. Por exemplo, mesmo um veículo de mídia sendo alinhado a uma linha conservadora, ele pode produzir informações que podem estar mais associadas a uma política mais progressista. Segundo os autores, estudos indicam que pode ser racional desacreditar informações que contradizem o conhecimento prévio, especialmente se houver incerteza sobre uma fonte confiável.

Fontes confiáveis: Indivíduos têm maior confiança na informação que vem de fontes que eles consideram “confiáveis”. Nesse ponto, líderes políticos têm papel fundamental na crença de seus seguidores nas plataformas online. O presidente Jair Bolsonaro já ultrapassou a marca de 4700 afirmações falsas ou distorcidas, segundo a agência de checagem Aos Fatos. Contra-argumentos e evidências podem neutralizar as mensagens dessa elite política. Porém, as pessoas estão muito menos expostas a essas evidências, já que são bombardeadas por mensagens dos líderes políticos nas suas redes.

O estudo também indica dois fatores que são responsáveis por aumentar de forma seletiva a crença em desinformação. 

Falta de raciocínio ou pensamento crítico: Pessoas que vão com o instinto têm maior tendência em acreditar em desinformação, independentemente do alinhamento político delas. Isso pôde ser observado em mais de 17 países, segundo os autores. Também existe a influência de crenças anteriores na hora de avaliar novas evidências, o que interfere no julgamento da informação. Dessa forma, a distração e a emoção têm papel importante na avaliação das pessoas, principalmente nas redes sociais.

Falta de alfabetização digital e midiática: A falta de conhecimento sobre termos de internet e de como as redes sociais funcionam têm papel importante no processo de crença em desinformação. Os autores lembram que isso é independente do nível de educação, já que pessoas altamente estudadas podem não dispor de conhecimento do mundo digital, por exemplo. 

Além desses pontos, Ricardo Horta, professor de Ciências Comportamentais Aplicadas da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), doutor em Direito (UNB) e mestre em Neurociências (UFMG), explica nesse vídeo no canal do *desinformante outras pesquisas lançadas nos últimos cinco anos que ajudam a entender o que leva as pessoas a compartilharem fake news.

E o que pode ser feito para combater essa crença nas fake news? Para Pennycook e Rand, as correções e as verificações funcionam e devem ser usadas. O problema é cobrir a quantidade de desinformação que está sendo publicada. Uma solução é crowdsourcing (ajuda da audiência) para identificar a desinformação em grande escala ao mesmo tempo em que deve ser incentivada a conscientização das pessoas sobre a qualidade da informação que elas compartilham online.

 

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