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nov 18, 2021 | Destaques, Notícias

Pesquisa detalha construção da narrativa de fraude na eleição presidencial do Peru

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Uma crise de representatividade, 18 candidatos, polarização do país no segundo turno e grande circulação de rumores e desinformação, principalmente pelo WhatsApp. Poderíamos estar falando das eleições presidenciais do Brasil em 2018 (foram 14 candidatos), mas o cenário descrito se refere ao Peru de 2021, pleito em que Pedro Castillo venceu com 50,5% dos votos a candidata Keiko Fujimori, que ficou colada em segundo com 49,5% dos votos.

A pesquisadora Celia Isabel Rubina Vargas, doutora em Ciências da Linguagem pela Universidade de Toulouse e professora do Departamento de Comunicações da Pontifícia Universidade Católica do Peru, descortinou o ambiente que favoreceu uma narrativa de fraude eleitoral – iniciado antes mesmo do resultado final – e que teve consequências severas para a vida social e política do país.

De acordo com a pesquisa, apresentada na 3ª Jornada Internacional do Grupo de Pesquisa Discursos na Mídia Escrita (DIME) da PUC-SP, algumas condições contribuíram para a narrativa de fraude. Entre elas destacam-se a difusão do sentimento de estar entre extremos antagônicos, grande circulação de rumores e desinformação nas redes sociais, especialmente via WhatsApp, começar o discurso de fraude antes do resultado final do pleito, meios de comunicação explícitos em suas tendências e a  proposta de imitação de seguidores de Trump.

Os argumentos da fraude, explicou Rubina Vargas, eram vagos e inconsistentes como assinaturas nas cédulas que não coincidem com o RG dos eleitores, votos de falecidos e o fato de familiares, irmãos e parentes votarem em uma mesma seção eleitoral.

A negação dos resultados eleitorais foi acompanhada de ampla campanha de desinformação e de uma ofensiva legal, a despeito de as eleições terem sido acompanhadas por mais de 150 observadores internacionais e não terem sido encontrados indícios de fraude.

A campanha pelas redes sociais chegou a convidar a população a tomar o palácio, instigando a violência contra o “comunismo”.

Entre as consequências apontadas pela pesquisadora estão a deslegitimação das eleições, a permanência da convicção de um setor da sociedade em relação à fraude, governabilidade precária e uma democracia debilitada, com muita instabilidade social, insistência no impeachment e até clamores por intervenção das forças armadas.

O WhatsApp teve um papel central na campanha desinformativa, com envios massivos de mensagens tóxicas e também os meios televisivos, onde a narrativa da fraude ganhou espaço todas as noites nas TVs abertas.

 

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