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set 24, 2025 | Destaques, Notícias

Economistas globais pedem ação imediata para fortalecer a mídia de interesse público

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Um grupo de onze economistas de renome mundial, incluindo os laureados com o Nobel Joseph E. Stiglitz e Daron Acemoğlu, lançou um apelo urgente para que governos e instituições reconheçam o valor econômico e social da mídia de interesse público. A chamada foi feita na segunda-feira, 22 de setembro, período em que ocorre a Semana de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e vem em um momento marcado pela expansão da inteligência artificial, pela concentração das grandes plataformas digitais e pela crescente desinformação.

Intitulado O Imperativo Econômico de Investir em Mídia de Interesse Público (The Economic Imperative of Investing in Public Interest Media), o documento é uma produção do Painel de Alto Nível sobre Mídia de Interesse Público, coordenado pelo Fórum sobre Informação e Democracia, e detalha recomendações para proteger e fortalecer esse tipo de mídia, com destaque para duas ações centrais:

  • Investimento no jornalismo independente: o painel defende que a produção de informação confiável depende de recursos diversificados –  nacionais e internacionais – para reduzir a vulnerabilidade das organizações jornalísticas frente à instabilidade econômica e à influência de grandes plataformas digitais.
  • Estruturação dos ecossistemas informacionais: além do financiamento, o relatório aponta a necessidade de políticas industriais voltadas para o setor da informação, com salvaguardas que impeçam a captura da mídia ou interferências externas, garantindo que a informação continue livre e acessível.

Segundo o relatório, a mídia de interesse público “é como o banco central da economia informacional: fornece a confiança no sistema necessária para que ele funcione”, ressaltando seu papel fundamental para a estabilidade social e econômica.

Por que a mídia de interesse público é estratégica?

O documento identifica seis áreas em que a mídia de interesse público exerce impacto decisivo para economia e sociedade:

  1. Apoiar o crescimento econômico e o bem-estar social
  2. Promover a boa governança
  3. Gerar valor público e efeitos de produtividade
  4. Prevenir desinformação e o declínio do conhecimento público
  5. Conter monopólios
  6. Combater a desigualdade na era digital

Enquanto os três primeiros pontos representam principalmente benefícios diretos para a sociedade e a economia, os três últimos também indicam áreas em que podem ser reduzidos custos e riscos estruturais, como a concentração de poder e a propagação de informações falsas.

Desafios enfrentados pela mídia de interesse público

O relatório alerta para a vulnerabilidade das organizações jornalísticas diante de múltiplos desafios: queda de receitas, modelos de negócios em crise, influência de grandes plataformas digitais e baixo apoio estatal. Em comparação com os recursos que regimes autocráticos destinam à propaganda, o investimento público em mídia de interesse público é considerado “alarmantemente baixo”, segundo o painel.

Além disso, a mídia de interesse público sofre diretamente os impactos de declínios na boa governança e de crises institucionais, tornando seu papel ainda mais crucial para a manutenção da transparência e do debate democrático.

Uma oportunidade para os governos democráticos

O painel destaca que países democráticos têm uma oportunidade única de liderar e anunciar compromissos concretos para garantir a sustentabilidade da mídia de interesse público. A Conferência Internacional de Alto Nível sobre Integridade da Informação e Mídia Independente, coorganizada pelo Fórum sobre Informação e Democracia e pelo Fundo Internacional para Mídia de Interesse Público, nos dias 29 e 30 de outubro de 2025, é apontada como o momento ideal para transformar essas recomendações em políticas e ações práticas.

“É hora de reconhecer o verdadeiro valor da mídia de interesse público e utilizar todas as políticas econômicas disponíveis para impedir seu declínio”, reforça o relatório, evidenciando a urgência da ação.

Quem assina o chamado

Entre os signatários estão economistas de instituições como MIT, Columbia University, Princeton University, University College London, London School of Economics e Collège de France. Além de Stiglitz e Acemoğlu, destacam-se Philippe Aghion, Tim Besley, Francesca Bria, Diane Coyle, Mariana Mazzucato, Atif Mian, Andrea Prat, Vera Songwe e Obiageli Ezekwesili. 

O documento evidencia que, em um contexto de avanço tecnológico e desafios democráticos, investir na mídia de interesse público não é apenas uma questão de política ou ética: é uma estratégia essencial para o crescimento econômico, para a proteção da informação confiável e para a manutenção da democracia.

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