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ago 6, 2024 | Destaques, Notícias

Mais de 60% das escolas brasileiras restringem uso de celular

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Os alunos podem utilizar o telefone celular apenas em determinados espaços ou horários em 64% das escolas brasileiras, de acordo com a última TIC Educação, pesquisa lançada nesta terça-feira (6). Realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), o estudo ainda destaca que 28% das escolas proíbem o uso do celular, enquanto apenas 7% permitem o uso irrestrito.

Esses dados são bastante condizentes com o debate que está sendo realizado neste momento na sociedade, inclusive pelas políticas públicas, que é de entender se, de acordo com a faixa etária dos estudantes, deveria haver regras diferentes para o uso dessas tecnologias, especialmente o celular”, disse Daniela Costa, coordenadora da pesquisa, durante o seu lançamento.

A Tic Educação 2023 demonstra que as proibições totais são em escolas que possuem até os anos iniciais do ensino fundamental, em que os alunos têm cerca de 10 anos. Nelas, 43% das escolas proíbem o uso completo, enquanto 52% restringe em alguns momentos, apenas 3% não possui restrições. O cenário muda quando se trata de escolas que são até os anos finais do ensino fundamental e as que abarcam o ensino médio ou educação profissional integrada – como é o caso dos institutos federais. 

Além disso, o estudo – que é anual e tem o objetivo de investigar o acesso, o uso e a apropriação de tecnologias digitais em escolas públicas e particulares – registrou outras formas pelas quais as escolas controlam os usos da internet. Por exemplo, parte das escolas restringe o número de horas que um aluno pode usar o computador ou a internet da escola ou realiza um agendamento de horário para os alunos utilizarem os computadores da escola.

Essas questões também estão relacionadas, explica Daniela Costa, ao número de computadores ou à conexão que as escolas possuem que, apesar de terem avançado nos últimos anos, ainda são desiguais. O número de escolas com internet cresceu 10% desde 2020. Em 2023, apenas 8% das escolas brasileiras não contam com esse acesso, a maioria delas se encontram em áreas rurais – enquanto nas áreas urbanas 99% dos estabelecimentos educacionais possuem internet, nas rurais esse número é de 81% (em 2020 a parcela era de 52%). A internet também está mais presente em escolas particulares (99%) em relação às escolas públicas (91%).

“Se, por um lado, as políticas educacionais têm buscado reduzir as desigualdades, por outro lado há o reconhecimento de que a ampliação da conectividade somente poderá ser considerada de fato significativa se a participação dos estudantes nos ambientes digitais se der de forma segura, responsável, crítica e adequada ao bem-estar desse estudante”, disse Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br. “Embora os dados de conectividade na escola evidenciem avanços na disseminação de acesso e da presença de computadores em estabelecimentos educacionais, ainda é possível identificar desafios relacionados ao uso desses recursos pelos alunos”, destacou Barbosa no lançamento da pesquisa.

A Tic Educação 2023 também mapeou os motivos para a ausência de conexão à Internet nas escolas e uma das razões é a falta de energia elétrica, 32% dos estabelecimentos educacionais que não possuem internet alegaram essa como uma das causas, outros 52% elencaram os altos custos de conexão e 63% evidenciaram a falta de infraestrutura de acesso à Internet na região.

No entanto, apesar de 92% das escolas possuírem acesso à internet, nem todas podem usufruir de uma conectividade significativa. Em 37% das escolas municipais e 39% das escolas estaduais, por exemplo, o sinal de Internet não chega às salas que ficam mais distantes do roteador, já em 37% e 41%, respectivamente, a internet da escola não suporta muitos acessos ao mesmo tempo. 

Tais elementos podem justificar algumas das restrições estabelecidas pela escola em relação ao uso do Wi-Fi. Em 58% das escolas brasileiras, por exemplo, os alunos não podem usar o Wi-Fi do estabelecimento. A proibição é maior em escolas estaduais (64%), mas também significativa em escolas municipais (56%) e particulares (55%).

Outras restrições também foram avaliadas pela Tic Educação 2023, como o bloqueio a redes sociais, sites de conteúdo adulto e também restrições ao acesso a jogos eletrônicos.

O estudo também revelou como as escolas adotam sistema interno de câmeras de vídeo e sistema de identificação baseado em biometria. No geral, 53% dos estabelecimentos utilizam sistemas de câmera, mas há uma grande diferença entre o uso pelas escolas particulares (80%) e pelas escolas públicas (44%). Já em relação ao uso de biometria, apenas 3% das escolas usam sistema de identificação dos alunos pela digital ou palma da mão e 4% utilizam sistema de reconhecimento facial. A maioria dos usos se dá em escolas do Sul e do Centro-Oeste.

“A Tic Educação é fundamental porque o uso das tecnologias digitais e particularmente o uso da internet na educação é algo estratégico e sensível para que a gente possa construir uma sociedade do conhecimento baseada no uso crítico da tecnologia, desenvolvendo habilidades nos estudantes desde as suas etapas iniciais da sua formação educacional”, ressaltou Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil.

Metodologia

A edição 2023 da pesquisa TIC Educação foi realizada entre os meses de agosto de 2023 e abril de 2024, em 3.001 escolas de Ensino Fundamental e Médio públicas (municipais, estaduais e federais) e particulares, localizadas em área urbana e rural, com cobertura nacional. A entrevistas foram realizadas por meio de entrevista telefônica assistida por computador

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