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Organização aponta aumento da violência política de gênero nas eleições europeias

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O Global Disinformation Index (GDI) observou um aumento nos ataques de gênero e desinformação a mulheres líderes e candidatas da União Europeia nos últimos meses, o que configura violência política de gênero. A UE realizou entre os dias 6 e 9 deste mês as suas eleições parlamentares. Narrativas com elementos de misoginia, conspirações globais, homofobia, racismo e xenofobia foram encontradas pelos integrantes da organização internacional, que desde 2018 mapeia e analisa o ecossistema digital de desinformação. 

A presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, enfrentou níveis particularmente elevados de ataques, conforme afirmou o GDI. Narrativas de desinformação digital contra a líder política buscaram semear discórdia cívica retratando-a como “não eleita”, “incompetente” e “sedenta por poder”.

As narrativas observadas sugeriam que von der Leyen conseguiu o emprego por meio de conexões e acordos secretos, em vez de suas qualificações, e frequentemente incluíam linguagem que lançava dúvidas sobre a competência das mulheres na política em geral. “Essas narrativas buscam minar a base democrática da União Europeia”, afirmou a organização.

Outras candidatas do bloco econômico também foram alvos de ataques parecidos. Discursos misóginos menosprezaram mulheres concorrendo a cargos públicos com o uso de termos hostis como “bruxa” e “hiena”. As postagens também retrataram as mulheres como manipuladoras e necessitadas de assistência de colegas homens para desempenhar seus trabalhos.

Mulheres negras são alvo de desinformação com mais frequência

“Refletindo as tendências globais, as mulheres políticas negras na UE enfrentam níveis mais elevados de abuso e são alvo de desinformação com mais frequência do que as suas homólogas brancas”, declarou a organização. “As eurodeputadas negras enfrentaram uma retórica direcionada que as descrevia como não europeias devido à cor da sua pele, e foram sujeitas a insultos racistas e outras formas de discurso de ódio.”

Uma das candidatas ao Parlamento Europeu que sofreram ataques foi a francesa Rima Hassan, alvo frequente de abusos com base na sua origem palestina. “As narrativas referiam-se a ela como uma ‘terrorista jihadista’ e ‘fanática islâmica’ que procurava infiltrar-se e ‘subverter’ à UE. Alguns usuários exigiram sua deportação, apesar de ela possuir cidadania francesa e não síria, e a acusaram de traição”, descreveu a GDI.

“Só no Reino Unido, 19 mulheres deputadas decidiram se demitir antes do final do seu mandato, explicando que o abuso online foi um fator importante que as motivaram na decisão”, pontuou a organização, que também pediu atenção ao assunto por parte dos governantes para evitar um retrocesso na representação de mulheres na política europeia.

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