O impacto das ferramentas digitais nas campanhas eleitorais de 5.568 municípios que vão às urnas, em outubro no Brasil, é o foco do relatório “integridade Eleitoral na Era Digital: Riscos Online e Recomendações para as Eleições Municipais Brasileiras de 2024”, realizado pelas pesquisadoras Beatriz Saab e Francesca Giannaccini, do Democracy Reporting International (DRI).
“A utilização de ferramentas digitais está mudando a forma como as campanhas são realizadas, oferecendo novas formas de ligação com os eleitores, ao mesmo tempo que aumenta o risco de desinformação e de discurso de ódio”, alerta o estudo, que detalha vulnerabilidades em quatro atores chave no Brasil – estado, política, mídia e sociedade – para identificar riscos potenciais e elaborar recomendações para os principais atores.
O relatório faz parte do projeto Mídia e Democracia financiado pela União Europeia em parceria com a FGV ECMI – Escola de Comunicação, Mídia e Informação, a plataforma de factchecking Agência Lupa, o Programa Diversidade e Inclusão e o Centro de Tecnologia e Sociedade (FGV Direito Rio).
Riscos da campanha eleitoral online
Discurso de ódio: Durante a campanha eleitoral local, o discurso de ódio online pode evoluir para violência física contra grupos marginalizados e perturbar o discurso político respeitoso, minando o envolvimento democrático.
Desinformação: A legitimidade do processo eleitoral pode ser desafiada por campanhas de desinformação, conduzindo a: confusão dos eleitores, desconfiança nos resultados eleitorais e nas instituições democráticas, disseminação de informação enganosa e manipulação da opinião pública.
Anúncios políticos: Apesar da regulamentação, os anúncios políticos continuam a ser uma plataforma para disseminar desinformação, fornecendo informações enganosas sobre candidatos e questões. Enquanto isso, a análise avançada de dados permite anúncios hiperdirecionados que manipulam as percepções dos eleitores e levantam questões éticas e de privacidade.
Recomendações aos principais atores
Autoridades Eleitorais
Reforçar a supervisão e a formação: Fornecer formação abrangente aos órgãos eleitorais e melhorar as capacidades de monitoramento para garantir que as regulamentações novas e já existentes – contra os riscos online, como o discurso de ódio e a desinformação – sejam implementadas de forma eficaz.
Promover a transparência e a educação cívica: Aumentar a transparência nos processos eleitorais e envolver-se ativamente em campanhas de educação cívica.
Plataformas Digitais
Moderação de conteúdo aprimorada: impor o uso de ferramentas avançadas de inteligência artificial (IA), juntamente com a moderação humana, para identificar e mitigar efetivamente o discurso de ódio, a desinformação e a polarização de conteúdo.
Ajustes de algoritmos: Ajustar algoritmos para reduzir a visibilidade de conteúdos enganosos ou prejudiciais e promover diversos pontos de vista e fontes de notícias confiáveis para neutralizar os efeitos das “câmaras de eco”.
Organizações da Sociedade Civil
Advocacy e Envolvimento Público: Liderar esforços para defender regulamentações mais rigorosas sobre campanhas digitais e envolver o público através de programas de literacia midiática para fornecer orientação sobre como identificar a desinformação e compreender o seu impacto na democracia.
Investigação e Colaboração: Envolver-se em investigações contínuas para compreender os efeitos dos riscos online, como a polarização, e colaborar com as autoridades eleitorais e plataformas digitais para desenvolver intervenções específicas.
Leia o relatório na íntegra (em inglês) abaixo: