Chanceleres de 19 países, duas organizações regionais (União Europeia e União Africana), 11 organizações multilaterais e mais onze países convidados pelo Brasil participam entre amanhã, dia 21, e dia 22, quinta-feira, no Rio de Janeiro, da primeira reunião oficial do G-20 sob presidência brasileira. Sobre a mesa dos ministros o debate da conjuntura internacional e os desafios para mudanças na estrutura da governança global.
“Estamos vivendo um mundo sem governança e a proliferação de conflitos preocupa de forma aguda. Estudo do Instituto de Estudos Estratégicos, uma think tank de Londres, aponta que tivemos um recorde de conflitos na arena internacional em 2023. Há um déficit de governança para enfrentar a guerra e obter a paz”, afirmou, em entrevista para a imprensa, no Rio, o sherpa do Brasil para o G-20 (representante do país para os temas políticos do encontro), embaixador Maurício Lyrio.
Nesta trilha sobre os grandes desafios globais está o Grupo de Trabalho Economia Digital que inclui, entre outros tópicos, o combate à desinformação, um tema transversal às agendas consideradas prioritárias pelo governo Lula (combate à fome e desigualdade, desenvolvimento sustentável e reforma das instituição da governança global), capaz de influenciar e polarizar a opinião pública a respeito dos conflitos globais, bem como ameaçar democracias, afetando processos eleitorais. Há de se considerar ainda a ineficácia das plataformas digitais em mitigar o negacionismo climático, atrasando as soluções apontadas pelos organismos internacionais.
Por ora, a governança global será o tema prioritário para esta primeira etapa do encontro dos chanceleres, que ocorre no Brasil. Uma segunda reunião está prevista para acontecer em setembro, em paralelo à abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, de modo a marcar a posição brasileira de busca por reformas no organismo internacional.
Nesta quinta-feira, dia 21, os ministros deverão dedicar a parte da tarde em análises sobre a conjuntura internacional, e no dia 22 terão conversas sobre os modelos de mudança pretendidos no sistema de governança global. Perguntado se a declaração do presidente Lula, em viagem à Etiópia, comparando a ofensiva militar israelense em Gaza ao Holocausto poderia atrapalhar a agenda do encontro ou gerar controvérsias, o embaixador Maurício Lyrio disse que não. “A defesa da paz é aplicável a todos os conflitos. Esta é uma posição clara do governo brasileiro. Temos uma urgência em modificar o modelo de governança para buscar a paz”, afirmou.
A tradição das reuniões ministeriais do G-20 é não ter uma declaração formal escrita, explicou Lyrio, mas os chanceleres fazem um balanço final da reunião junto ao embaixador ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.