Lançada nesta quinta-feira (16), a pesquisa Tic Domicílios 2023 revelou que só 37% das pessoas que utilizam internet apenas via celular já verificaram se alguma informação era verdadeira ou não, um percentual muito abaixo dos 71% dos brasileiros que usam computador e celular e afirmaram verificar as informações.
“Quem usa internet a partir de múltiplos dispositivos não só realizam mais atividades, mas também há evidências que o uso de múltiplos dispositivos para o acesso à internet contribui para o desenvolvimento de diversas habilidades”, analisou Fabio Storino, coordenador da pesquisa, durante coletiva de imprensa para divulgação do relatório.
Além da verificação de informações, as pessoas que também acessam a internet via computador também adotam mais medidas de segurança para proteção de contas, 74% contra 35% dos que apenas fazem uso via celular. O volume de habilidade digitais acumulado pelo primeiro público em comparação ao segundo também inclui a instalação de programas e outras atividades, como anexar documentos ou instalar equipamentos.
As diferenças em relação às habilidades digitais também se relacionam com outros recortes. A pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil mostrou que brasileiros das classes D e E tendem a verificar menos informações (32%) que os da classe A (81%). A faixa etária e grau de instrução também se revelaram como fatores que influenciam essa e outras habilidades.
Acesso à internet cresceu em 2023, mas segue desigual
A pesquisa também revelou um aumento de quatro pontos percentuais no acesso à internet no Brasil. O número de domicílios que se conectam à rede subiu de 80% para 84% neste último ano. O número de usuário também cresceu de 84% para 88% em 2023, o que representa que 164 milhões de pessoas acessaram a internet nos últimos três meses – considerando também os indivíduos que afirmaram não ter usado a Internet, mas que declararam o uso de aplicações no telefone celular que necessitam de conexão à Internet.
Esse aumento foi impulsionado, principalmente, pelas classes C, D e E. O número de domicílios da classe C com acesso a internet subiu de 87% para 91% no último ano. O salto foi ainda maior nas classes D e E, que pulou de 60% para 67%. No entanto, revela a pesquisa, 25% desses domicílios compartilham a internet com o vizinho.
“A maior proporção de domicílios que fazem o compartilhamento da conexão com os domicílios vizinhos estão justamente nos extratos em que já são observadas outras barreiras à conectividade, então seja nas áreas rurais do país, seja na área Norte e Nordeste do país, seja entre as classes mais baixas. São indícios de barreiras à conectividade, seja técnica, o desafio de oferta de internet localizada em áreas menos adensadas, seja econômica, o custo da conexão e a necessidade de compartilhar esse custo”, explica Storino.
O relatório também revela que brasileiros da classe A acessam mais a internet (97%) que usuários das classes DE (69%). E dos 29 milhões de pessoas não usuárias de internet no Brasil, 17 milhões delas são das classes DE e 10 milhões da classe C.
Além do acesso em si, a forma do acesso também é desigual. 87% dos brasileiros das classes DE utilizam a internet apenas via celular, número que cresceu desde o ano passado, mesmo com a média nacional tendo diminuído de 61% para 58% neste ano.
A TIC Domicílios 2022 é desenvolvida pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) e Nic.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), ambos integrantes do CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). Para esta última edição, foi utilizado uma amostragem de 23.975 domicílios e 21.271 indivíduos. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas face-a-face e ocorreu entre março e julho de 2023.