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ilustração de Túlio Carapiá

out 23, 2023 | Destaques, Notícias

Consumo de Jovem Pan nas redes sociais é maior entre homens

ilustração de Túlio Carapiá
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Em diversas redes sociais, homens consomem mais conteúdos informativos dos canais da Jovem Pan do que as mulheres.  O veículo é recorrentemente acusado de disseminar desinformação e  está enfrentando um inquérito do Ministério Público Federal sobre o tema. Essa é uma das conclusões trazidas pelo relatório, lançado hoje,  “Desigualdades informativas: entendendo os caminhos informativos dos brasileiros na internet”, de autoria de Nina Santos, Maria Paula Almada, Rodrigo Carreiro e Ellen Guerra, pesquisadores do Aláfia Lab. A pesquisa buscou entender como os brasileiros se informam no ambiente digital, considerando os recortes de gênero, renda, raça e idade.

O consumo de conteúdos da Jovem Pan no Facebook, YouTube e Instagram entre os homens é o dobro em comparação a mulheres nas mesmas redes, de acordo com o estudo. Em junho, o Ministério Público Federal chegou a pedir o cancelamento das outorgas de radiodifusão do grupo de mídia paulista por desinformação e incentivo a ações antidemocráticas.

“O fato de os homens consumirem mais a Jovem Pan pode ter uma relação direta com consumo de desinformação, dado que a Jovem Pan vem sendo reiteradamente acusada em várias instâncias de ser um veículo de disseminação de desinformação”, avalia Nina Santos, diretora do Alafia Lab e coordenadora geral do *desinformante.

As diferenças entre gêneros no consumo de informação no Brasil também apontam para os usos distintos das plataformas digitais. Enquanto as mulheres consomem 50% mais informações no Instagram e usam mais o WhatsApp, os homens se informam mais no YouTube e no LinkedIn e preferem o Telegram como rede de mensageria.

Essas desigualdades sugerem que mulheres tenderiam a usar mais as redes baseadas em contato pessoal, onde as relações de proximidade importam mais. Já os homens estão mais em ambientes onde predominam conversas em grupo, onde as relações sociais menos próximas são valorizadas. A pesquisa se baseou em dados coletados a partir de um painel online respondido por mil brasileiros, de todas as regiões brasileiras, entre os dias 27 de abril a 9 de maio de 2023.

Veículos tradicionais são mais consumidos nas redes sociais

O estudo do Alafia Lab aponta para o uso majoritário das redes sociais pelos brasileiros para buscar informações online. Conforme levantado, 94% dos entrevistados disseram utilizar as plataformas digitais para isso, 92% falaram que usam sites de busca e 86% procuram sites e portais de notícias e aplicativos de mensagem. Os jornais e revistas impressos são os veículos menos consumidos, com 25% e 23%, respectivamente.

Apesar desse contraste entre mídia impressa e digital, os veículos de grupos de mídia tradicionais estão entre os mais consumidos nas redes sociais, indicando que eles continuam sendo bastante relevantes como fontes de informação, mesmo que o meio de acesso tenha sofrido alteração nos últimos anos.

O dado vem em consonância com outra pesquisa, a ser publicada na revista britânica Public Opinion Quarterly, que mostra como o consumo de conteúdos classificados como mídias profissionais no Brasil fez com que as pessoas acreditassem menos em desinformação eleitoral. O estudo, liderado pela brasileira Camila Mont´Alverne em conjunto com Rasmus Kleis Nielsen, monitorou o comportamento online de 2.200 brasileiros e mapeou o consumo deles durante 14 semanas durante e depois das eleições de 2022.

“O maior grau de confiança das pessoas nas notícias da mídia tradicional potencializa os efeitos positivos do consumo de conteúdo desses veículos durante a campanha, o que nos permite dizer que o acesso à mídia tradicional ajudou a conter os efeitos de desinformação eleitoral”, disse Mont’Alverne à Folha.

Importância da pesquisa brasileira sobre cultura informacional

Um dos motivadores para a realização da pesquisa pelo Aláfia Lab, segundo Nina Santos, foi o reconhecimento da existência de poucos dados sobre o ambiente informativo brasileiro produzidos no Brasil. Ela cita, por exemplo, a descontinuação da Pesquisa Brasileira de Mídia, produzida pela Secretaria de Comunicação Social do governo federal, que cumpria o papel de trazer os hábitos de consumo de mídia dos brasileiros e que teve sua última edição lançada em 2016.

Nos últimos anos, segundo ela, o país dependeu de informações coletadas por centros de pesquisa e universidades estrangeiras. “Certamente [esses estudos] contribuem bastante para entendermos esses fenômenos, mas também consideramos que é muito relevante termos a produção desses dados aqui no Brasil”, comenta.

“Essa é uma modesta contribuição, que soma a outros esforços, pesquisas feitas por outros institutos que nos ajudam a compreender esse ecossistema informacional brasileiro”, conclui Nina. O relatório “Desigualdades Informativas” pode ser lido, na íntegra, logo abaixo:

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