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abr 16, 2024 | destaques, notícias

Plataformas não conseguem prevenir desinformação climática, como manda lei europeia

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As plataformas digitais não conseguem conter desinformação climática e cumprir as regras na União Europeia, afirmou Devin Bahceci, gerente de integridade da informação e anti-desinformação do Conselho Global de Comunicações Estratégicas. Bahceci adiantou, durante um evento do DisinfoLab, nesta terça-feira (16), os resultados do novo estudo do CAAD (Climate Action Against Disinformation), que analisou os relatórios publicados pelas empresas de tecnologia sob o regimento do Código de Conduta sobre Desinformação e da Lei de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês).

De acordo com Devin, a partir das análises dos documentos, foi constatado que as plataformas não estão abordando a desinformação climática nas publicidades e não estão rastreando ou comunicando usuários que compartilham os conteúdos desinformativos. Além disso, as redes sociais estão permitindo propagandas irrestritas do setor de combustíveis fósseis e possuem lacunas nas políticas contra greenwashing, quando empresas se dizem sustentáveis, utilizando práticas de marketing e propaganda, mas não o são de fato.

“Todas as plataformas [analisadas] apresentam um desempenho insatisfatório na resposta ao DSA e na prevenção da desinformação climática”, afirmou o especialista em comunicação estratégica. Meta, Google, Microsoft e TikTok foram algumas das empresas que entregaram os relatórios sob a legislação europeia. 

Além do greenwashing, fazem parte da desinformação climática as alegações de negacionismo, que buscam questionar as mudanças ambientais em desenvolvimento e a responsabilização dos humanos nesse cenário, e as ações que tentam atrasar as iniciativas de contenção dos impactos negativos, afirmando, por exemplo, que não há muito a ser feito ou que as saídas propostas são ineficazes.

Em setembro do ano passado, o CAAD analisou as políticas das plataformas em relação à desinformação climática, evidenciando a lacuna de aplicação dessas regras para combater esse tipo de conteúdo online. Apesar de quatro das cinco plataformas analisadas possuírem políticas específicas sobre desinformação climática, o relatório questionou a falta de dados disponíveis para a avaliação da aplicação eficaz dessas diretrizes existentes.

Recomendações para melhorar o cenário

O novo estudo da organização também traz recomendações aos legisladores europeus, visando fortalecer o combate aos conteúdos falsos sobre as mudanças climáticas. Algumas das recomendações são a elevação da desinformação climática como um risco sistêmico no DSA e a aplicação de medidas mais duras de transparência e responsabilidade por parte das empresas de tecnologia.

Outro ponto levantado foi a importância de focar na identificação das redes e atores por trás das campanhas desinformativas, ao invés de olhar apenas para os conteúdos que são compartilhados. Sobre este tópico, Bahceci foi crítico ao efeito das práticas de checagem de fatos e da imunização informacional, também chamada de “prebunking”. “Nós precisamos parar a produção da desinformação, não apenas a sua identificação e posterior remoção”, afirmou.

Para combater os conteúdos desinformativos sobre crise climática, a UE possui atualmente um conjunto de legislações. Um primeiro bloco de leis, formado pelo Código de Prática sobre Desinformação e pelo DSA, busca criar regras diretamente para as plataformas de redes sociais e mecanismos de buscas. Já um segundo bloco é formado por leis que abordam diretamente o desenvolvimento sustentável, como o Green Claims Act e o CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive).

IA e desinformação climática

Os impactos das Inteligências Artificiais na desinformação sobre mudanças climáticas também foram debatidos no evento. Bahceci apontou primeiro os altos gastos de energia e de recursos naturais que são necessários para o funcionamento dos sistemas de IA. Esse ponto também foi destacado em outro relatório produzido pelo CAAD em março deste ano.

Em seguida, o profissional alertou para os possíveis usos dos sistemas automatizados não só para a produção de desinformação, mas principalmente para a disseminação desses conteúdos, citando como exemplo o caso dos robôs que, durante a COP28, em dezembro do ano passado, compartilharam no X conteúdos de greenwashing

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